sexta-feira, 30 de setembro de 2011

91 - Inch allah …



Já vira aquela cara em qualquer lado. Não como agora me aparecia, magra, macilenta e mais cavada ainda pela falta de cabelo, rapado à escovinha, feições um tudo-nada famintas, aliás comuns a tantos iraquianos que todos os dias me passavam pela frente.
Por muito que me esforçasse não lograva lembrar onde e em que condições vira já aquela cara. 
Karim Saleh, assim se chamava, encontrava-se connosco ou deambulava entre nós a todo o momento, sendo mais chegado ao grupo dos franceses, língua que melhor dominava por certo, pois esse factor era muitas vezes determinante na nossa escolha do lugar à mesa, do grupo de amigos, da zona da recepção do wall do hotel, em cujos sofás perdíamos (?) tanto tempo, ou de quaisquer outras atitudes por nós tomadas.
George, o americano simpático, como lhe chamávamos, já me havia pedido camisolas, calças ou ténis 41 que servissem a Karim, que só possuía a roupa em cima do corpo e que tudo perdera no rolo compressor da guerra.
Por qualquer razão que não lembro fiquei por saber o que quereria George dizer, ou que fatalidade caíra sobre Karim privando-o dos seus bens. Muito ou pouco, naquela situação todos tínhamos roupas em excesso para as necessidades, pois ali não havia lugar para fazer valer as modas, nem tempo ou oportunidade para isso.
Muitas vezes nos deitávamos vestidos, já que era habitual o sono resumir-se a muito pouco tempo e termos que nos levantar de rompante, quer para assistir a qualquer combate ou fogo de artifício, quer para nos abrigarmos se o caso a isso aconselhasse.
As roupas, o seu corte e colorido, ajudavam muitas vezes a que, no meio daquela babel, nos identificássemos uns aos outros com maior facilidade, mesmo ao longe.
Jean Jaqques viera um dia junto de mim com idêntico pedido, de modo que lhe disparei logo as minhas interrogações. Sim, tinha motivos para recordar Karim, respondeu-me com uma certeza certeira, viramo-lo na embaixada do Iraque em Damasco, era tunisino, vivia em Paris, onde não por acaso tinha a família, mulher e duas crianças pequenas, um casalinho. Deixara um bom emprego, era licenciado em económicas, tinha uma boa vida e carreira promissora.
Karim, como bom muçulmano, respondera aos apelos à guerra santa e apresentara-se como voluntário para lutar pelo Iraque. Como ele, que me lembre, havia na embaixada centenas de outros muçulmanos. Quinze dias depois Karim Saleh perdera tudo e pedia, entre nós, quem lhe pudesse dar uma ou outra peça e um par de sapatos.
Nunca privei com Karim, Jean Jaqques sim, e dele me dizia ser um indivíduo com uma cultura acima da média, com quem gostava de falar, que não era nenhum fanático da religião e cujas ideias filosóficas gostava de partilhar. Resumindo, tratava-se de um bom homem, coerente e crente, racionalista quanto bastasse, que precisamente por isso parecia ali deslocado, lutando por uma causa que nós sabíamos não se coadunar nem com a sua honestidade nem com a sua coerência.
Todavia os preceitos da religião islâmica falaram mais alto, Karim foi incapaz de negar ajuda a um outro muçulmano que lha havia pedido.
Hoje mesmo o vi em animada conversa com o Jean Jaqques na sala de refeições, a eles me dirigi, curioso de observar as referências que sobre si o meu amigo tinha tecido. Não tive tempo para isso, antes mesmo que eu me aproximasse Karim foi chamado por dois homens que nunca ali vira, pediu desculpa a Jean Jaqques pelo facto, alegou não demorar, logo acabariam a conversa e sumiu-se pela porta da cozinha com os seus acompanhantes.
Jean Jaqques contou-me então por que razão Karim nada tinha de seu, era um dos sobreviventes de fortes combates que tinham tido lugar dias antes em Karbala e opuseram o exército americano ao iraquiano, onde tinha sido incorporado com mais duas centenas de “fedayn”, sem submissão a qualquer tipo de treino, e a quem tinha sido dada somente uma farda e uma arma.
 Karim Saleh tinha sido por graça de Alá um dos dez únicos sobreviventes da ultima batalha pelo controle daquela cidade santa, vira morrer ao seu lado quase todos os companheiros voluntários nessa luta que nem era deles, vira coisas que decerto não iria esquecer, por muito que se esforce nesse sentido, iria ficar marcado para toda a vida.
Irá interrogar-se e repreender-se infinitamente por esse esforço vão ?
Jean Jaqques e eu esperámos igualmente em vão que Karim voltasse.
Jean J. resolveu, após imenso tempo volvido, ir bater à porta por onde Karim tinha levado sumiço, nada… apenas a ameaça de não ter nada que meter ali o nariz, e o aviso de que com aqueles homens não se brincava.
Nada mais era preciso para percebermos o que se tinha passado, os serviços secretos iraquianos, por razões desconhecidas e com resultados imprevistos tinham tomado conta de Karim Saleh.
 Receámos que acontecesse o pior ao nosso amigo, metemos as mãos nos bolsos e abalámos cabisbaixos remoendo o raio da situação e como poderíamos interceder positivamente nela.
Estávamos no Iraque, estávamos em guerra, nada seria, ou deveria ser surpresa para nós, ainda assim...
Ainda assim Karim saiu vivo da desventura, encontrámo-lo no dia seguinte.
Algumas das nossas impressões estavam correctas, os serviços secretos avisaram-no de que não deveria falar com ninguém sobre o que lhe sucedera em Karbala, sobretudo com estrangeiros, e, como o sabiam um homem culto, poliglota e com uma vivência no mundo ocidental, fizeram-lhe sentir que uma derrota não é o fim de uma guerra, a sua devoção à causa islâmica poderia ainda vir a ser posta à prova, até lá, muito juízo e bico calado.
 Quero crer contudo que estas insinuações, mais que a batalha feroz a que sobreviveu em Karbala, terão aberto os olhos ao nosso amigo Karim, cujas preocupações, espelhadas no facto de mirar tudo em redor enquanto falava connosco, lhe proporcionaram a certeza de estar envolvido numa engrenagem cuja grandeza e contornos nunca terá imaginado, para a qual não estaria muito voltado e da qual não veria maneira de se libertar.
Que Deus o ajude.  
Oxalá...
Inch allah … 

in Baião, Humberto - A Guerra no Iraque - Nossos Futuro - Évora - 2005

domingo, 25 de setembro de 2011

90 B - A ACELGA E CEBOLINHA .............................

                                                          Pablo Picasso "Mulher nua numa poltrona vermelha"



- Cebolinha você anda comendo acelga ?
- Ando sim Mónica !
  Celga, sulda, mulda, mim nã tel pleconceitos !

Naquele dia a anedota que acabei de vos contar foi a única coisa na mesa que em comum partilhámos, rindo todos do espirito e da maldade intrínseca à coisa, pois de resto foi essa mesma coisa que, nesse mesmo dia, para além das impressões com que cada um ficou dos demais e do extremo a que as expressões de outros chegaram, tendo sobrado e no mínimo sendo suficientes para que um mais entusiasta e mais dotado, o Anacleto, tivesse dado inicio a nova cena pintando no ar e em gestos esfusiantes um quadro abstracto.

- Ou psicadélico atirou o Angélico.

Isto por na sequência da cebolinha e da acelga, o Souto que é mouco e o Saúl que é surdo, terem dado origem a um debate acerca das virtualidades da cozinha vegetariana ou vegan, recordando as receitas para diarreias (1), para a prisão de ventre (2), para a obstipação (3) a que o outro contrapunha a alfarroba para os nervos e o raciocínio célere (4). Até o apóstata do Baptista veio à liça com os orégãos e os brócolos (5), ideais para a próstata e a bexiga. - E para os rins apressou-se a acrescentar o Martins.

Ultrapassada esta querela originada pela secção senil da mesa número quatro do nosso habitual café das terças, onde participo mas não me incluo, e se querem saber do que padeço aduzirei ser simplesmente de priapismo sazonal, aliás como toda a família por parte do lado materno. Dizia eu que ultrapassada esta fase da querela hipocondríaca, o pessoal se virou então para a discussão das impressões e expressões sentidas e usadas, o que por sua vez levou a conversa para o campo do impressionismo / expressionismo, na senda das achegas introduzidas pelo Anacleto e o Angélico, que naturalmente vieram desestabilizar as coisas e gerar a habitual confusão, não sem que anteriormente tivesse ficado assente tratar-se de matéria de alta subjectividade e especialmente volúvel, nas palavras do Amável que me deu uma cotovelada capaz de meter as costelas para dentro a um urso, só porque a Micas do Quiosque Primavera veio à rua em mini-saia desatar os fardos de jornais deixados encostados ao rodapé do balcão.

- Topa-me aquelas trancas, o peito e aquelas ancas de égua ó Baião !

E eu – Xi pá ! Olha que há gente ouvindo-te, não me comprometas porra, tem modos e maneiras caraças ou saltas dessa cadeira.

E enquanto o Amável olhava para a Micas e só via o pernão, o rabo e as mamas, eu era incapaz de ver o que a ele tanto exacerbava vendo na pessoa em causa uma mulher trabalhadora, sofrida, sensível, simpática, prestável, altruísta e amável como ninguém, enfim uma pessoa com todas as qualidades para fazer um homem feliz e a quem eu jamais pensaria deixar de comprar os jornais, revistas e por vezes uma ou outra pastilha elástica só para não ficar ali pasmado olhando tão bondosa quão prestimosa figura, sem pedir nada, sem fazer despesa, sem uma qualquer desculpa por muito esfarrapada que fosse.

Logo o Duarte, que é versado em arte e lobrigando a nossa conversa, sacando do telemóvel veio com o exemplo de “Mulher nua numa poltrona vermelha”, uma tela nitidamente expressionista e em que o artista, tal qual o Amável, pintara o que o sensibilizara, pintara o que vira, pintara o que fixara, para Picasso a mulher seria reduzida a mamas e pernas, o resto eram peanuts, mulher objecto alguém diria hoje.

- E com alguma razão, atirou o Semião. - Tenham paciência mas quanto a mim só foi exaltada a beleza, disse loquaz a Leonor Beleza. – Não me sinto minimamente diminuída por essa tela, vocês homens são um poço de contradições, ou elas são umas felosas e raquíticas, pau de virar tripas ou esqueléticas sem ponta por onde se lhes pegue ou são objecto, como disse e desdisse o Duarte e o Semião. Quanto a mim o pintor pintou a beleza, uma mulher nutrida, com formas, cheia, cheiinha, como na época eram preferidas, que mais querem vocês, um atestado da paróquia garantindo o cadastro limpo, o bom comportamento e idoneidade do pintor junto com a tela ? Vão-se catar.

- Porra pá ! Esse tal Pablo faz uns desenhos do caraças ! Impressionam mesmo ! Tou a gostar ! – Isto babou o alarve do João Jessé ao ver o quadro que o Casimiro lhe mostrara no télélé, enquanto lhe repetia o caracter expressionista da pintura, mais o confundindo o facto de estar aludindo a uma pintura que o impressionara.

- Toma lá nota ó JJ para ver se entendes desta vez, o expressionismo é a expressão do que o artista captou, ele viu uma mulher e não viu, talvez fosse um tipo novo esse Pablito e estivesse na força da idade quando pintou esse quadro e então, cheio de força na verga o que ele enxerga são só pernas, cu e mamas entendes ó paspalhão, vê lá se aprendes duma vez por todas ó meu c _ _ _ _ _ _ Esta última explicação deu-lha, quer dizer enfiou-lha na mona o Ramalho, que tinha sido prof. de artes visuais e era tu cá tu lá com Picasso, Kandinsky, Monet, e outros que tais. 

Van Gogh, “Noite estrelada sobre o Ródano”

- Mas afinal o que é essa coisa do impressionismo que tanta controvérsia e confusão gera, é que não entendo, não me entrou ainda no crânio. Gritou-nos o Epifânio num apelo, agitando-se na cadeira em que se mexia e remexia visivelmente transtornado e a quem o Amado explicou e pacientemente acalmou:

Olha lá ó Epifânio, isto é fácil de entender, e uma pintura não é uma epifania e, virando-se para a Maria Surumenho, sim essa mesmo, casada em terceiras núpcias com o Barrenho, tendo-lhe solicitado cortês e amavelmente que puxasse no télélé a imagem da “Noite estrelada sobre o Ródano” de Van Gogh, o que ela fez com inusitada destreza para a idade mas uma rapidez e sageza de quem é vezeira nestas coisas dos museus, das vitrinas e patine.

- Topa aí ó caramelo, Van Gogh olhou o céu numa noite limpa e viu estrelinhas, estrelas cadentes, galáxias, planetas e cometas, e que fez, não nos pintou o céu, pintou o que o impressionou, pintou estrelas brilhando, irradiando e correndo, movendo-se na abóboda celeste, girando e rodopiando, percebeste agora ou é preciso fazer-te um desenho ou mandar-te para o Jardim da Celeste ouvir o “Na Loja Do Mestre André” ? Van Gogh pintou a impressão que colheu topas ?

Van Gogh, “Noite Estrelada”

 Estavam eles embrenhados nesta frutuosa discussão quando apareceu a Etelvina, em surdina fez-me sinal para que atirasse os olhos para o saco que trazia, lá dentro duas garrafas de aguardentes caseiras, poejo e medronho que ela sabia eu apreciar sobremaneira sobretudo no inverno. Conseguimos escapulir-nos ainda antes da chegada dos Giões, a Ana e o Hugo, os Reis da Cãozoada como carinhosamente lhes chamamos, porém um perigo para qualquer garrafeira, quer um quer outro não aguentam o inverno … Não são menos confusos nem menos difíceis de aturar que os pintores, uns pintam expressões, outros impressões, uns riem, há-os sérios, naturalistas, ou futuristas, ou ainda surrealistas, isto quando não se abstraem de todo ou ficam apanhados da psique...

 Vincent Van Gogh "O Semeador"  

 (1) Bom para diarreias - Fazer uso de alimentos obstipantes: maçã sem casca, banana prata, caju, goiaba, lima, laranja-lima, banana da terra cozida, pêra; Dar preferência a vegetais cozidos como: cenoura, batata, chuchu, beterraba, vagem, batata-doce, inhame; Preferir pão torrado, biscoitos (água e sal); Ingerir leite desnatado ou produtos fermentados; Utilizar os queijos com baixo teor de gordura.
(2) e (3) Prisão de ventre e obstipação - A ingestão de fibras é fundamental para o bom funcionamento intestinal. As fibras são carboidratos não digeríveis, ou seja, elas passam por todo o trato gastrointestinal e chegam no intestino grosso. Bactérias adoram fibras. O intestino grosso é o local do nosso corpo onde as bactérias existem em maior abundância. Assim, quando as fibras chegam no intestino grosso, as bactérias começam a "trabalhar" nessas fibras, produzindo, dentre outras coisas, glicose.
(4) Nervos e raciocínio - A alfarroba é um alimento saudável e de elevado valor nutritivo. Contém vitamina B1- colaboradora para o bom funcionamento do sistema nervoso, músculos, coração e melhora na atitude mental e o raciocínio
(5) Orégãos e brócolos - Os brócolos são uma fonte de benefícios nutricionais muito importantes, normalmente não descritos numa tabela nutricional convencional. Sendo um membro da família das crucíferas (que engloba as couves, a couve-flor), os brócolos contêm uma grande quantidade do fitonutriente sulforane, que apresenta propriedades anti-cancerígenas. O sulforane promove a actividade das enzimas desintoxicantes do organismo, o que ajuda a eliminar mais rapidamente elementos potenciadores de cancro.

Vincent Van Gogh, "O Terraço do Café à Noite"

90 A ................... MAHINGA MAMI * .......................


Os últimos dois botes a tocar a praia. 

Tudo começou durante as compras de Natal ao queixar-me à Margarida, numa resposta que curiosamente era até concordante com a posição dela;

- Pois ! Por isso detesto o Natal, tudo que nem um louco comprando o que pode e o que não pode... Eu tenho lá paciência... Imagina tu que uma amiga até tentou engatar-me há quinze minutos ali atrás no corredor das águas e dos Ice Tea... Eu seria a prenda de Natal dela... Não fosse ela ter mau hálito e ainda a teria ouvido até ao fim mas detesto maus cheiros sobretudo desde que andei com um preto morto nas traseiras dum Unimog quase uma semana.

Nós nem dormiu, por uma semana toda inteira eles e os brancos terem dado reboliço na sanzala. Ele veio soldados e armas, e jipes, tudo em carradas, todos em festa, brancos e negros todos bebendo e enxotando nós para longe. Nem soba tinha mão nos festivaleiros e quando a xaranga calou-se nós todos desconfiados né ? Por isso hoje ter acordado cedinho p’ra juntinhos seguir eles, que estão todos se levantando no silêncio e se metendo ao caminho sem estrampido que acorde um babuíno e todo mundo sabe dormir ele cum olho fechado e outra orelha levantada. Nós entreolhámos entre a neblina e nós viu, soldados em barcos saindo do mar como feitiço e pisando no areia e abraçando os nossos sem pio, tudo ali pela calada por isso a Djá estava desconfiando-se e cuidando de nós não piar. Uns dias atrás Kima ameaçara e assustara ela lhe dizendo que se gaiato nom dispersar vai levar ai vai vai e nós saber que ele ser duro e bruto como búfalo em desvario. Tipo aquele grande e alto ali no meio do negros dando ordens é m’ermão Zé Rosa por isso cala gaiato e cuida de não dar estrilho agora ou m’ermão vai afogar a gente p’ra ficar calados. Quando gente for grande gente vai lutar como ele e honrar esta nossa terra pátria mãe e enxotar branco daqui p’ra longe.

No entretanto ondulávamos ao sabor das vagas mansas e apressávamo-nos a remar em direcção a terra antes que o sol rompesse e nos pudesse denunciar. Quatro pneumáticos por pequenos que sejam seriam uma mancha negra no mar azul e passível de ser vista a milhas de distância por isso havia que remar direitinhos ao grupo dos Unimogues que nos esperava na praia. Para trás era impossível voltar e as ordens tinham sido bem claras, submergir e zarpar mal largados os homens, um submarino ali se descoberto daria um escândalo de nível mundial.        
               
                               Rasto dos jipes  numa das extensas praias.

Vista do mar a costa da Namíbia era linda, praias douradas escondidas entre falésias negras, orla costeira com milhas e milhas a perder de vista ou penhascos caindo abruptamente sobre o mar. Não fosse o receio de sermos descobertos, os Unimogues poderiam atingir quase cinquenta milhas por hora, e galgaríamos imenso terreno em pouco tempo. Em vez das praias e do areal a prudência aconselhou contudo o caminho pela savana, o resguardo do capim alto e das árvores, ainda que poucas, por entre as quais a coluna de Unimogues serpenteava lentamente com paragens escassas, a fim de aferirmos a posição, calcularmos a distância ao alvo e os tempos de deslocação necessários para o alcançar. O objectivo era um acampamento militar a partir do qual os sul-africanos lançavam raids que massacravam toda a zona da fronteira sul. Os serviços secretos cubanos não tinham falhado, o acampamento, cuja acção mortífera se fazia sentir em todo o sul da província estava agora sinalizado, marcado. Contávamos com o efeito surpresa de uma operação relâmpago e o êxito da nossa missão estava pouco menos que exclusivamente dependente disso. 
              
                         O fantástico todo o terreno Unimog. 

O facto de sermos em menor número que aqueles contra quem nos esperávamos confrontar seria contrabalançado pelo efeito surpresa, pelo moderno equipamento e armamento indicado que carregávamos e pela superior preparação, treino e capacidade dos homens da nossa coluna, todos eles seleccionados entre os melhores, eles e elas. Não poderíamos dar-nos ao luxo de correr o menor risco ou a nossa retirada estaria comprometida. Todas as vozes daquele acampamento teriam que ser caladas, os hélis sabotados e o posto de rádio destruído sem que restasse a mínima dúvida. Um clique do rádio e teríamos os hélis do South African Army à perna e isso era o que todos nós mais temíamos.
           
                             Rasto dos jipes  noutra das extensas praias.

Após meia semana de penosa e sigilosa marcha passámos a avançar a coberto da noite, a pé e com a segurança de dois batedores duas horas à frente do grupo de guerrilha. Finalmente ao quinto dia ainda o sol não tinha despontado e o objectivo estava à nossa frente, nem escondido a coberto do mato, na orla do Calaári e fora da savana, inconcebível, todos naturalmente o buscariam e esperariam encontrar rodeado de mato. Optámos por não atacar ao amanhecer como seria normal, com toda a gente dormindo e as sentinelas cansadas e sonolentas. A nossa coluna estava exausta, homens e mulheres necessitavam de descanso, de recuperar forças, e as armas de limpeza, manutenção, pelo que unanimemente escolhemos atacar ao cair da noite e quando todos eles, obedecendo às ordens de recolher estivessem já deitados e adormecidos. As sentinelas seriam silenciadas à vez. A táctica surtiu efeito, o ataque foi desencadeado e uma hora depois gritávamos êxito. Fiz soar um assobio para rescaldo, concentração e reunião do pessoal.

Quando grande mim querer ser guerrilheiro, Djá e Cila Cumaio também quererem ser como meu grande ermão Zé Rosa. Família Rosa lutar há vinte anos sempre com seus melhores filhos e guerreiros na luta e na frente. Família ter pergaminho desde tempo do avô Rosa que ser dos primeiros a ter dado corpo nas balas e primeiro caindo na honra da Pátria mãe, avô Rosa se finou em confrontos de má memória lá no ano longe de 61. Depois da vez dele família sempre seguiu na sua coragem e exemplo se valorando e se adentrou sempre na luta portanto subiu alto na disciplina e na escala ascendente do coturno do partido. 
             
        Unimogues todo terreno utilizados nas guerras de Àfrica.

Uma vez reunidos contámo-nos e recontámo-nos, foi feita chamada e apreciação de danos, Micolo, Chicoti, Gourgel, Mutinde e Canga estavam feridos ainda que sem gravidade, elas tiveram menos sorte, Kussumua e Muandumba apresentavam ferimentos que exigiam mais atenção e inspiravam maiores cuidados. Dificuldade acrescida para chegarmos de novo aos Unimogues, escondidos na mata e a um dia de viagem a pé. Zé Rosa o grande não aparecia, dez dos mais novos foram colocados de vigilância e os restantes empenhados na busca apesar da noite de breu. O gigante negro foi encontrado passado algum tempo, pelo cenário defendeu cara a vida mas acabou esventrado, por baixo dele um oficial do SAA jazia morto, mas antes de morrer estripara-o. Dei ordens para que lhe metessem tudo no buxo e o corpo fosse levado numa padiola, alguém a improvisasse com dois paus e lona das tendas. Que aproveitassem parte da lona para cobrirem o corpo. Aquela baixa ditara uma vitória amarga, levar o corpo, que carregámos durante quase uma semana num jipe para entregar ao soba e à família a fim de lhe darem descanso à alma e fazerem o luto foi o mínimo que a decência, consciência e solidariedade exigiam...

Passado ano e meio, famintos, sedentos e cansados, a bem dizer fugidos duma outra operação que ao contrário desta correra mal** e em que perdêramos dois homens, todas as viaturas e muito material, embora tivéssemos safado o coiro, revisitámos a mesma aldeia donde Zé Rosa o grande era natural e fora enterrado. Notava-se ainda no ar a dor da sua perda, noite dentro e ignorando a bela voz que a cantava ouvi pela primeira vez cantar "Mahinga Mami" (Meu Sangue) uma velha canção de dor e de saudade. 

           Hoje passados cerca de 40 anos é cantada por Jorge Rosa* que a retirou do Youtube sendo cantada por ele somente em privado. Compreenderão porque não consigo ouvi-la sem que me cheguem as lágrimas aos olhos.

Atenção ! Submergir !


* Num vídeo cuja canção é aparentemente filmada e cantada nas praias e falésias onde há 40 anos um grupo de guerrilheiros desembarcara de madrugada a partir de um submarino para fazerem frente à África do Sul que nunca apresentou publicamente protestos pelo ataque de que o SAA foi alvo. Por seu lado o ataque embora com inegável e incomparável sucesso também nunca foi reivindicado por ninguém pelo que tecnicamente a história que acabou de ler nunca teve lugar. Uma das primeiras versões desta canção, cantada por Fernando Sofia Rosa pode ser ouvida neste link: - https://youtu.be/haN4r-zIqeo  A versão de Jorge Rosa, mais sentimental vi-a e ouvi-a há alguns dias no programa RTP África, foi essa a razão na origem do desenterrar destas saudosas e penosas recordações.  




Um perigoso desembarque.


90 - MANU CHAO – RÁDIO BEMBA .........................


Destinado a uma apreciação pessoal, elaborei em tempos um estudo sincrónico e transversal das canções e respectivas letras do CD Rádio Bemba, ( La Radiolina no original) do agrupamento musical de Manu Chao, artista que até aí conduzira o grupo Manu Negra e do qual se separa para uma aventura a solo.

O referido CD, lançado em 2008, expressa a realidade de um concerto ao vivo a que tive a casual oportunidade e felicidade de assistir na cidade de Paris, na já distante noite de uma quarta-feira, 29 de Agosto de 2007, numa sala por lá chamada de “ La Boule Noire “, A Bola Negra, por ocasião da comemoração dos vinte anos da estação de radiofónica “ OUI FM “, o grupo, claro, já devem ter reparado, é um dos meus favoritos.

1 - É visível em toda a extensão da obra uma defesa dos fracos e oprimidos, em especial daqueles que, partindo de um país em que as condições de vida são insuportáveis, buscam em outro, as possibilidades de realização que lhes são negadas na própria pátria de origem.

2 – Encontra-se detalhadamente identificado nestas canções o drama da emigração, em especial a magrebina, em direcção à Europa, mormente a Espanha e à grande capital que é Barcelona e a mexicana cujo fluxo é quase exclusivamente direccionado para as cidades dos EUA.

3 – A condição do migrante, o drama da migração e as condições de acolhimento que os aguardam estão nítida e inteligentemente retratadas na maioria das canções, bem como a violência para com eles observada.

4 – Essas condições estão expressas em relação igualmente aos Peruanos, Bolivianos, Nicaraguenses, Argelinos, Marroquinos, Guatmaltecos e Albanezes, não significando que todos os outros sejam excluídos por não estarem citados.

5 – As canções fazem da fronteira simultaneamente um lugar mítico a atingir mas também o lugar de pavor que efectivamente são e onde muitos encontram a morte. Caso da canção “ Clandestino “.

6 – Entre o México e os EUA a estrada pan-americana parece ter somente um sentido, vindo os “gringos”, todos considerados “coiotes”, mostrar em Tijuana, cidade mexicana fronteiriça, toda a depravação da sua sociedade e a busca de excessos e de uma liberdade que a sua sociedade de origem lhes não prodigaliza, que combatem e contestam, proíbem mesmo.

7 – Outra conclusão a que as canções nos levam é a de que existe um mar de diferença entre as sociedades ocidentais desenvolvidas e as de origem dos emigrantes quanto a níveis e qualidade de vida, sendo que nos países ricos a vida é entendida cheia de “facilidades”

8 – A denúncia das forças da ordem, ou de segurança, sempre do lado dos mais fortes, é elaborada através do relato das chacinas por elas praticadas um pouco por todo o mundo e do uso de armas, nitidamente ouvidas um pouco por todo o CD, quer sejam usadas pela esquerda ou pela direita.

9 – É feita a apologia do EZLN Exército Zapatista de Libertação Nacional, como exército de libertação, contrariado pelas democracias musculadas, capitalistas e subservientes a interesses poderosos que têm agrilhoado a América latina e o mundo. Idem na apologia feita á “ Rádio Bemba “, não por acaso o sonoro e inesquecível nome do álbum.

10 – Aos povos de onde os migrantes são oriundos é deixada como única possibilidade de sobrevivência o cultivo de plantas psico-trópicas que todavia são posteriormente consideradas ilegais. Manu Chao não defende as drogas mas o absurdo e contradição da situação.

11 – A inteligência das letras, o seu entrosamento entre e dentro de cada canção, demonstram uma forma elaborada de raciocínio e exposição, suficientes para guindar este CD a uma obra de culto e de cultura, cujas peculiaridades deveriam ser alvo de estudo sociológico mais aprofundado, dada a natureza da sua riqueza, quer musical, quer instrumental e profissional.
                    
12 – Comparativamente a outros trabalhos anteriores deste cantor, (era a alma dos Mano Negra), é de destacar uma grande evolução e maior riqueza instrumental, interpretativa bem como a nova “indumentária” com que velhos temas são tratados. Este álbum foi alvo de cuidado arranjo, quer a nível musical quer das letras das canções, o que faz de cada canção um hino de exaltação, cativante da nossa empatia, empatia que aliás o cantor e grupo conseguiram perfeitamente conquistar, não somente naquela mas em todas as em actuações, e mesmo unicamente através das audições gravadas a que vamos temos acesso.  
  

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domingo, 18 de setembro de 2011

89 - EU E O PAULO PAULINO...............................


 

Claro que estranhei !!!! Pois se nem conseguia fazer avançar o carro até ao alpendre que ele me tinha indicado !

De cinco em cinco metros via-me obrigado a parar, descer e retirar literalmente debaixo das rodas um pato ou um ganso. A capoeira passeava-se por inteiro pelo vasto quintal como se este fora o Paraíso.

Mas é melhor começar pelo princípio.

Dei com ele na Net por mero acaso. Há uns largos anos que o não via, aliás toda a nossa vida tinha sido assim até aí, entrecortada por períodos sem nos vermos, contrapondo com outros em que chegámos a trabalhar juntos.

Desta vez há uns bons três anos que não lhe punha a vista em cima e todos os contactos que dele guardara tinham ido abaixo.

Não tive dúvidas, era ele ! A foto estava maculada por nevoeiro de palco mas era ele, o tronco largo, os braços nus, o cabelo apanhado em rabo de cavalo, inusitada a foto e a postura, a viola, nem o sabia artista, mas era ele, impossível estar enganado, conhecia-lhe bem a faceta de homem dos sete ofícios e sete instrumentos, portanto nem o estranhei e logo ali lhe atirei um gentil comentário:

- Então meu mariconço ! meu cabrão ! Onde tem a menina andado que ninguém te põe a vista em cima meu panasca ?

Na volta do correio recebi mensagem comedida, educada mesmo, sobretudo tendo em conta a liberdade de linguagem por mim utilizada…

- Que deseja meu amigo ? Não estou a percebê-lo…

- Assim mesmo ! Embatuquei ! 

                Claro que vi de imediato que me enganara na pessoa  e me apressei a fazer o que devia ter feito antes de tudo, ver o perfil completo de quem tão delicada e educadamente punha em questão os inconcebíveis mimos que eu lhe havia prodigalizado.

Expliquei-me, pedi escusas e desculpas, justifiquei-me com a parecença, ele aceitou, ficámos amigos.

Encetei então a caça ao homem e jurei que não pararia enquanto não encontrasse o Paulo Paulino.

Encontrei ! Alguém me deu o número dele, liguei-lhe e fui de imediato convidado a visitar a sua nova quinta, que habitava sozinho e era demasiado grande para um homem só. E que ficasse para jantarmos.

No dia aprazado lá me apresentei na quinta do Paraíso para o jantar combinado. Abriu-me o portão automático e pelo intercomunicador instruiu-me para que deixasse o carro debaixo do alpendre no espaço livre deixado entre a mota e o carro dele. O problema começou aí, chegar ao alpendre atravessando um quintal pejado de bichos de capoeira que se passeavam ostensivamente frente a mim fazendo questão de frisar que o quintal era deles…

Logo me intrigaram os patos e os gansos, já que galos galinhas e coelhos não os igualavam naquele comportamento absurdo. Para percorrer cinquenta metros apeei-me cinquenta vezes afim de retirar debaixo do carro cinquenta patos ou gansos que pura e simplesmente ficavam deitados no chão, esperneando e grasnando, de patas para o ar e sem serem capazes de se endireitarem. Retirava-os, colocava-os em pé, longe de mim, mas volvidos dois ou três passos voltavam a cair na mesma posição intrigante da qual os acabara de safar. Estranho. Andava ali coisa.

Mal entrei na ampla cozinha do monte disparei:

- Que coisa esta pá ! Os teus bichos parecem estar com a camada !

O Paulo largou as amêijoas em lume brando, agarrou-se à barriga morrendo de riso e respondeu-me:

- Raio dos bichos ! Já se soltaram outra vez ! Sabes Baião, é que os patos e os gansos quando se soltam vão direitinhos a uns vasos de cannabis que nem sei quem ali deixou a enfeitar o perímetro da piscina e, até onde o pescoço lhes consente, comem toda a rama que podem !!! Não fica uma folha verde como hás-de ver !! Apanham cada pedrada que nem eu !!!

Estava explicado o mistério.

As entradas muito muito boas, as amêijoas melhores ainda, os queijos e as tapas mais que optimas, o vinho e a cerveja sublimes, os finalmentes de matar, e a tardada acabou já passava das duas da manhã e nós dois piores que gansos…

Valeu a pena.

Matámos mesmo as saudades !!!!!!!!!

hi hi hi hi hi hi hi hi
eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh eh
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
grrrrrrrrrrrrrrrrrr
ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah

uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh

Foto; o Paulo Paulino inadvertidamente incomodado, foto ao vivo, salvo erro no Restaurante Snak Bar Concerto -  MOLHÒBICO – Portugal – Alentejo - Évora - 2010



quinta-feira, 1 de setembro de 2011

88 - A FAUNA QUE SOMOS (estudo)


Tinha prometido dar-vos notícias de um estudo académico que, a título meramente pessoal, andava e ando desenvolvendo, mais para satisfazer a curiosidade que me anima do que a um qualquer dever, imposto ou não, entendei que estou  a referir-me à fauna que habita este espaço de virtuais virtualidades.

Esclareço-vos já que este estudo, não obedecendo embora a uma pesquisa exaustiva, pauta-se todavia pelos requisitos mínimos dos aspectos essenciais a um trabalho científico.

Não se trata portanto de uma opinião, bem ou mal fundamentada, muito menos de um trabalho que ao empirismo deva os seus predicados, antes da constatação nua e crua, deste universo que convosco partilho e onde, agora já o estou antevendo, arrisco e desbarato o meu prestígio, prestígio aliás impossibilitado do justo e merecido reconhecimento, ainda que tal prejuízo seja um problema meu, nem tão pouco como tal contabilizado, uma vez que é lançado na rubrica entretenimento, donde não espero quaisquer mais valias palpáveis.

Muito honestamente sou contudo obrigado a reconhecer que, os parâmetros alardeados pelos média quanto aos padrões de iliteracia existentes no país, foram total e plenamente confirmados por este meu singelo estudo.

Outro resultado igualmente animador para mim, se confrontado com as estatísticas oficiais, o que me dá um certo orgulho, visto o meu trabalho ver o seu rigor e validade científica comprovados por padrões tornados públicos oficial e largamente divulgados, é o que concerne ao analfabetismo funcional da generalidade dos “amigos” deste caricato universo, já que os resultados por mim obtidos os colocam umas escassas décimas acima dos números oficiais, o que, não sendo um valor considerável é contudo um valor a considerar, e um motivo para que não se sintam tão desmotivados e insistam apostando no uso destas novas tecnologias, coisa em que até o governo tanto desvelo coloca, motivo mais que suficiente para que todo este pessoal se sinta deveras orgulhoso do seu desempenho.

As mensagens, ou tráfego comunicacional, foram outro dos items analisados exaustivamente e, com garbo vos assevero que as impressões colhidas no dia a dia encontraram plena justificação, tendo sido registadas num mapa diário e comprovadas largamente, pelo que é sem a menor sombra de dúvida que vos asseguro a completa vacuidade da quase totalidade das mesmas e uma futilidade simplesmente assombrosa, atingindo índices incrivelmente inéditos !

Sei que o entusiasmo que transparece da minha linguagem terá que ser provado pela exactidão dos números, e espero em breve poder dar-vos uma panorâmica completa, com tabelas e registos anexos e relativos a todas as observações efectuadas.

Por enquanto entendam esta crónica como uma breve e ligeira apresentação, que não somente vos devia, como tinha prometido aos mais curiosos e atentos, quer do meu blogue quer da minha página pessoal.

Não podemos esquecer a imensa alegria que muita gente, a maior parte certamente, tirará destes resultados, lamento que nem todos concluam pela mesma satisfação, uma minoria haverá que não se reverá neles, lamento imenso mas a estatística e o rigor cientifico o exigem e com falsidades, incorrecções e manipulações não posso pactuar, a verdade acima de tudo e de quaisquer suspeitas, doa a quem doer.

Proximamente serão editados os fascículos posteriores deste trabalho, os quais se debruçarão sobre os mecanismos de intervenção e interacção de que podemos socorrer-nos aqui neste meio, e que vulgarmente conhecemos pela designação de novas tecnologias.

Para o fascículo final ficará a caracterização das tipologias humanas que designei por fauna deste universo, virtual, porém, a julgar pelas indicações e leituras já permitidas ou pelo menos antevistas, nada virtuoso, e que constituirão certamente a parte mais curiosa, interessante e esperada deste estudo.

Solicito-vos calma e paciência, pois o rigor factual e histórico não me perdoariam a mínima veleidade ou inexactidão.


Obrigado, até para a próxima…