domingo, 17 de janeiro de 2016

305 - A SANTA PADROEIRA E OUTROS SANTOS DE PAU CARUNCHOSO...


Depois de uma noite bem passada estávamos os dois na cama, conversando e esperando que fosse o outro a levantar-se para abrir o estore, mas como nenhum desse sequer intenções de o fazer, escondemo-nos de novo do frio deste Janeiro gelado, sumimo-nos debaixo das mantas e demos mais uma. Mais uma volta na conversa e na risota, o que esperavam ?

E à falta de comando para subir ou baixar o estore lançámos mão do comando da televisão, para de imediato nos confrontarmos com as primeiras notícias da manhã ainda no remanso quentinho dos lençóis. Maria de Belém prometia ser a “padroeira” dos estudantes do ensino superior, e pelas imagens visitava uma das repúblicas dos ditos nesta República das bananas e de bananas. Ri-me a bom rir, e ganhei forças para ir abrir a janela, o Domingo estava limpo mas frio, valia-me a Tv que me cutucava o humor e me fazia rir logo cedinho.

Já ontem ou anteontem Sampaio da Nóvoa criticara o facto de Marcelo desprezar, desdenhar, rejeitar, depreciar, ou escornar os apoios do PSD e do CDS, o que igualmente me fizera rir a bom rir. Se Nóvoa não entendia o Grito de Ipiranga de Marcelo então será mais estupido do que na generalidade possamos pensar, logo ele, Nóvoa, que tanto chorou e clamou pelo apoio do PS, como quem diz aqui estou às ordens, aqui me têm, a vós me entrego, me submeto, dou as duas faces, fazei de mim o que entendeis… Fazendo assim tábua rasa da independência do lugar / cargo, de PR e dando-nos de barato o conceito que ele, Nóvoa tem do cargo naquela sua nevoenta cabecita, cabecita a que agora não dão descanso com as alegações de que a sua licenciatura será alegadamente manhosa, ver link abaixo, no fim do texto.

Melhor cabecita não terá PPC que, no mesmo dia ou no dia seguinte foi ao beija-mão e entregou a Marcelo, salvo erro em Viseu, o apoio incondicional do PSD, manchando dessa forma o ar impoluto e descomprometido que o professor tanto se esforçara por dar à sua candidatura. Mas o professor passou-lhe logo o sermão, aliás dois sermões, o da incompetência política (o PPC politico sempre foi um, elefante numa loja de porcelanas), e o responso pelo alarde do seu apoio, aliás do apoio do PSD, e que PPC e o PSD nada deveriam esperar em troca desse apoio, Marcelo aposta portanto em manter o seu grito de Ipiranga que PPC também nunca entendeu, ver link do responso em baixo no texto. Marcelo a esgrimir e a tentar fazer-se passar por independente e PPC feito parvalhoco, estragando-lhe a estratégia e comprometendo-o... Não se faz. 

Claro que nada disto foi no momento, nem sequer no dia objecto de interrogação por parte de quem quer que seja, Marcelo, o “herdeiro” como alguns agora lhe chamam, e eu gostaria de saber quem foi o idiota que se lembrou de o apodar de herdeiro de Marcelo Caetano, de delfim, pensando que isso o iria denegrir, quem assim pensou cometeu um sério engano, denegri-lo seria compará-lo com todos ou algum dos políticos do pós 25 de Abril, deste Abril que nos levou ao tapete, o que ele está apostado em não permitir. Marcelo, o delfim, o herdeiro, vai mesmo herdar o cargo, não só por ser o único que sobre as candidaturas concorrentes nunca se pronunciou ou lançou a mais pequena ofensa, mas também porque os portugueses nunca gostaram de colocar todos os ovos no mesmo cesto, e para tal têm ou deram-lhes sempre boas razões. Não será somente por uma questão de equilíbrios de poderes, mas porque Marcelo, o herdeiro, o delfim, coisa que o engrandece, sabe mais a dormir que todos os restantes candidatos juntos, acordados.

Eu direi como disse António Costa, Marcelo na presidência será coisa que não me tirará o dormir… Mas sinto pena, porque o meu candidato é Henrique Neto, eu voto socialista, eu torço pelo idoso socialista Henrique Neto, e sou dos que pensam que a idade não o molesta, afinal todos os PR anteriores foram gente mais nova e vejam o buraco onde chegámos… Ele é o único que nos quer pôr todos a trabalhar e a produzir, o único com um discurso coerente e sério, o único com carradas de razão, paletes de razão no que diz. Mas a vida é assim e o herdeiro, o único que como atrás disse e curiosamente ainda não denegriu uma vez que fosse quaisquer das candidaturas adversárias, vai ganhar, não por isso, não por ser correcto ou mais novo, nem porque saiba mais a dormir que os outros acordados...

 A revista do Expresso de ontem, sábado, 16 de Janeiro, na sua página 12, canto inferior direito, trazia uma curiosa noticia estatística; “ Em Portugal 47% dos trabalhadores não têm o ensino secundário, segundo o Anuário Estatístico de 2014, publicado pelo INE. Na União Europeia, em média, essa percentagem é de 17,3% “. Assinava uma tal Raquel Albuquerque. É muito trabalhador, e é muita ignorância passados que são quarenta anos sobre o 25 de Abril, Salazar teria rejubilado com estes números… Se a estes números juntarmos o analfabetismo funcional existente e gritante, e a ignorância permitida por anos e anos de passagens e de escolas sem avaliação, nem de alunos nem de professores, resulta um povo que pouco ou nada mais saberá que aquele que existia antes do 25A dirão alguns, um povo de longe muito mais estupido e ignorante, e menos desperto, que o que havia antes da revolução direi eu. Antes do 25A todos nós sabíamos para onde queríamos ir, agora cada um quer ir para seu lado com a agravante de poucos conhecerem ou saberem o que seja “lado”… Salazar construi 12.000 escolas primárias em quarenta anos, Nuno Crato fechou 6.000 em quatro anos… 

O resto são cantigas de maus perdedores, pois a única coisa em que esta democracia parece gerar consensos é o de que estamos sempre a descer, a perder, a falir, a fechar, a encerrar, a desfazer, a desmobilizar, a desacreditar, a destruir, a contribuir como contribuintes para o desastre geral, a privatizar e a desprivatizar, a nacionalizar e a desnacionalizar, é um carrocel ou montanha russa de faz e desfaz, e agora são quarenta horas e amanhã trinta e cinco, e assim deste modo simples se garante que os escravos do sector privado terão que ganir para pagar os benefícios ou privilégios dos chulos do sector público, não se percebendo por que não são 40 ou 35, ou 37, ou 20 ou 50 horas iguais para todos.

Ora Marcelo vai vencer porque este é o povo que temos, este é o povo que ele conhece melhor que ninguém, e se não o querem eleito (ou elegido), mudem de povo… Marcelo vai vencer porque os portugueses têm o hábito de não colocar todos os ovos no mesmo cesto... Os portugueses, que nem são parvinhos de todo, irão esforçar-se por contrabalançar os excessos desta "esquerda" dando votos à direita, tal qual como compensaram há bem pouco tempo a falta de razoabilidade da direita, votando à esquerda... Que esperavam ? Não é assim há quarenta anos ?