JULGUEI-TE JÁ NO MONTE DE S. GENS * …
Quem sabe um dia não lhe poriam Bento ?
Ou Sofia ?
Esvoaçam gulosas as abelhas,
p’los campos e p’los montes,
elegendo lírios e flores de
giesta,
num hino à vida, tal qual dois amantes.
Amantes para quem são um
sonho os montes,
ou um monte, amor e uma
cabana,
o devir, os momentos, os
instantes,
onde descansem de sonho ou
fantasia insana.
Até mesmo na cozinha, o
pote, o mel,
finalmente crestado,
lambido, xupado,
as cortinas das janelas um
dossel,
a pele de carneiro
baldaquino improvisado.
De joelhos se saciam no
virgo néctar,
se embebedam, se enleiam,
quais fiéis devotos,
cada um erguendo ao outro um
altar,
mármore,
mar de papoilas onde pousam gafanhotos.
Voam saciadas as abelhas,
sulcando as terras,
p’los montes e p’los campos,
par a par, olhando-se, parelha
rasgando horizontes amplos.
E quem sabe, um dia,
se desse enxerto nascerá rebento,
chamado Bento,
ou da enxertia uma menina,
a
quem poriam Sofia.
* Humberto Baião - Évora, 7 de Abril de 2017