Já todos esquecemos a falhada tentativa comunitária que, antes do Tratado de Lisboa, franceses e holandeses deitaram por terra com um não. Com a subtileza de uma meretriz, os políticos da Europa e deste país em que cada vez me revejo menos, engendraram manobra que dispensasse os referendos que lhes deitariam por terra as intenções.
Travestiram de Tratado a falhada “Constituição Europeia”, fizeram uma vez mais o que sempre têm feito, isto é, prepararam-se para nos respectivos parlamentos aprovarem o que lhes aprouver…
Curioso que quando se trata de se amanharem, o parlamento serve-lhes, quando não lhes convém referendam-se ou não os assuntos, mas sempre ilibando de quem as assumiu, as responsabilidades que lhes competem, desde que alcancem os resultados almejados, resultados cada vez mais longe dos meus interesses, dos meus objectivos, e evidente e claramente os do povo a que pertenço.
Bem se lixaram com os irlandeses, cuja constituição, menos permissiva que a nossa, os obrigou mesmo a referendar o que devia ser referendado em todos os países comunitários. Irlandeses que deram nos últimos anos um salto qualitativo graças à UE, que debelaram insucessos escolares, fugas ou abandonos da escola, adquiriram cultura, elevaram enormemente as taxas de crescimento do país, o PIB e o PNB, da balança de transacções e todo e qualquer indicador que nós portugueses tenhamos em baixo, mas que a giga joga de especuladores financeiros vorazmente deitou abaixo quando do arrastão de 2008.
Ter-me-ia congratulado também, se esta democracia em que me enterram me tivesse permitido te-la votado, ter-lhes-ia dito que não, não a esta Europa que me querem impingir à força, e que cada vez me diz menos.
Triste é ver a petulância com que nas Tv’s, nos impingiam a Europa. Ainda tive esperança, há alguns anos, que a nossa adesão tivesse constituído o motor que nos faltava, mas há muito me desiludi. Tive esperanças que a transcrição das directivas comunitárias nos obrigasse a adoptar as medidas que há muito se impunham e continuam a impor. Ingenuidade minha, políticos estultos e sagazes deram-me a volta !
Não somente não foram transpostas dentro do prazo, tendo sido proteladas para além do razoável as suas adopções, ou transcrições, como pura e simplesmente o não são, ou se transcritas são ignoradas, caem em saco roto, ou até desrespeitadas com a maior leviandade.
Não à Europa do capital e das mercadorias, que desde sempre puderam livremente circular no seu seio, mas esquece as pessoas, pessoas para quem as políticas deviam se precisamente dirigidas.
Não, ao invés do trabalho é o capital industrial e financeiro que está em primeiro lugar, deslocalizando-se a bel-prazer dentro da própria comunidade, buscando-se a satisfação ávida dos lucros, à custa da desgraça dos cidadãos, que para nada interessam a não ser como mão-de-obra barata e descartável ou para dar cobertura ao que lhes interessar no momento, pois é importante que se dê um ar de liberalismo e livre concorrência ás tramóias puramente capitalistas, desumanas, predadoras e eticamente reprováveis, assim soubesse essa gente o que é a ética, acerca da qual já ouvi dizer não dar de comer a ninguém....
Não sou comunista, nem anarquista, ou bloquista, e já nem socialista, social-democrata ou democrata cristão, tal o nojo que toda essa gentalha me mete e a desconsideração a que a votei. Sou sim, um cidadão informado, vivendo do meu trabalho e não de rendimentos do capital ou de rendas, esperando há mais de trinta anos que as promessas ouvidas sejam cumpridas, essas e outras ligadas à CEE/ UE, coisa em que devem ter percebido não creio já, pois para tal não tenho nem vejo motivos mínimos para isso, muito pelo contrário.
Ouvi alardear na altura que sem a nossa adesão não resolveríamos nenhum dos muitos e prementes problemas que tínhamos, pois bem, temos mais problemas agora, pelo que compreenderão a minha aversão a esta UE e a este tratado que nas nossas costas cozinharam, porque o que vos quereria dizer é que esta política não nos serve, que a metam num sítio que eu cá sei, os rendimentos provenientes dos salários têm perdido força, o desemprego aumentou, o fosso entre ricos e pobres é cada vez maior, a miséria e a pobreza idem aspas, pelo que obrigado mas os políticos portugueses e comunitários, oportunistas ou corruptos, ou até as duas coisas... que revejam de novo as matérias, o ideal seria talvez que Portugal abandonasse este clube de ricos para onde se esgueirou como gaiato rufia iludindo o porteiro da matiné e agora não tem nem tusta p'ra comprar rebuçados no bar.
Melhor abandonarmos essa veleidade, pronto, foi uma vaidade momentânea, perdoemos e esqueçamos, não temos nem teremos nunca pedalada p’ra acompanhar com gente rica, o melhor é sair mesmo enquanto é tempo e antes de alguém nos dar um chuto no rabo e nos colocar fora entre impropérios pouco dignos de serem ouvidos.
Não somos povo para se governar ou deixar que nos governem, Salazar sabia bem com o que contava, não foi por acaso que se aguentou tanto tempo, e eu, que já não acredito nas virtudes da democracia aplicadas ás nossas gentes, da extrema-esquerda até aos nossos dias descrevi um arco, experiência “oblige” que me coloca hoje como saudoso do antigo regime, regime em que ainda vivi e que de longe prefiro ao actual, cá tenho as minhas razões, até porque reconsiderei e entendo algumas mortes no Tarrafal como custos de contexto, aliás gente menos interessante porquanto se tratava de gentalha que, a ter sido deixada à solta teria implantado aqui, como noutros pontos do globo, regimes bem mais odiosos que o que Salazar nos deixou em lembrança, além de terem sido bem menos que quantos morrem diariamente nas ruas, fruto da liberdade, segurança e libertinagem que esta democracia nos confere, pelo que, ponderados os prós e os contras, vou mas é inscrever-me num desses partidos nacionalistas e tentar uma carreira na política.
Creio firmemente que o que este povo quer e precisa é mão pesada e murros nos cornos, enquanto assim foi sempre andou bem, e não esta democracia de merda com a qual já não posso, falo-vos de coração nas mãos, haja coragem para o afirmar. Trinta anos de desilusões foram demais, convenceram-me do que é bom para nós, e agora sei-o tão bem quanto Salazar o soube, pelo que nem levem a mal se um dia tomar conta desta merda, der a quem minimamente comprometido politicamente dois dias para escolher o país onde viver galhardamente um exílio merecidíssimo, chamar os que estão fora e queiram voltar, para que de novo, orgulhosamente sós, construamos algo nosso e por nós feito, sem o contributo daqueles que nada fazem para além de penhorar a pátria.
E então verão que, não mais uma greve, não mais um queixume, não mais um desempregado, não mais um faminto, não mais um português sem casa ou sem pão para os filhos, hospitais, escolas e creches acessíveis a todos, lares aos pontapés para os idosos que cada vez são mais, dois empregos para cada um que os queira, e os votos dos funcionários públicos contarão todos a meu favor, e dos amantes da bola também, e dos jogadores de matraquilhos e de gamão, e dos fumadores, activos ou não.
E a minha amada imagem colorida e digitalizada circulará nos e-mail’s, nos selos do correio, em cromos para as criancinhas e molduras para afixar em salas de aula e então os portugueses saberão que estarei sempre ali, velando por eles, fazendo por eles, governando para eles, e verão de novo a autoridade em acção, o respeito, os valores, pois acredito estar predestinado e ser piamente capaz de muito mais e melhor que os burocratas de merda a quem temos estado entregues.
Tenhai em conta que falo a vossa linguagem e a realidade me tem moldado à vossa imagem e semelhança, por isso vos prometo ordem e progresso, não esta merda de progresso na continuidade que há décadas vos troca as voltas e fode as aspirações, mas uma coisa a sério, com mandados de captura assinados pessoalmente por mim e passados em branco às carradas, afim de evitar a burocracia ou que fique vivo alguém que deva morrer, o futuro da pátria não é para brincadeiras, nem pode estar como está nas mãos de qualquer artolas que só pensa enriquecer depressa, nem mais leis escritas que só servem para emperrar a justiça e dar pasto à cáfila que à sua custa vive, não, não pode ser, terá que ser de improviso e logo ali, no momento, e bastará um candeeiro, um poste, uma qualquer árvore, uma corda nem velha nem nova, um bom nó corrediço basta, que a pátria urge, e não poderemos estar com contemplações.
Tivesse sido assim há trinta anos e hoje ninguém se queixaria do tempo perdido.