A
paisagem é sublime, o ar que respiramos idem, carregado duma inaudita sensação
de frescura e d’um vero cheiro a pinho. Ao almoço concluímos ser um trilho
lindo para uma caminhada feita na Primavera ou no início do Outono, mas eu fora
operado há menos de 2 semanas e forçosamente queria colocar as minhas forças e
energias à prova, e provaram.
Mas
chega de lamechices e de publicidade à borliú ao CHANA, aquele dia fora
dedicado aos passadiços e às nossas forças e foi nisso que nos concentrámos. O
site está bem elaborado e é não somente explicito como culturalmente
informativo, deu gosto apercebermo-nos da história daqueles cabeços, dos
monges, eremitas, anacoretas e outros homens das cavernas que por ali andaram e
construíram hortas, noras, açudes, moinhos, levadas e uns banquinhos que para
lá estavam e que deram um jeitão na hora de puxar das garrafas d’água e dar um
pouco de descanso e paz ao corpo e ao espírito.
Exercício,
ar puro, a vingança p’lo esforço e calor levada à prática à mesa do CHANA, não
posso negar ser preferível às meias horas diárias passadas em cima da bucólica
e nada emocionante passadeira onde em casa faço a maior parte das minhas
caminhadas. A vida não pode resumir-se ao fazer a tempo e horas os trabalhos de
casa, como quando na escola andávamos, ou os chatos mas inadiáveis afazeres
domésticos que tanto e tão precioso tempo nos consomem.
A
vida é sonhar, amar, as obrigações não são devoções, uma obrigação é uma
penitência, a devoção é uma entrega, uma dádiva, que nunca as confundamos por
que um dia, um dia mais tarde, um dia que nunca saberemos quando chegará, não
haverá ninguém para apurar o saldo, caber-nos-á a nós colher o sabor amargo ou
adocicado dessas contas, independentemente de, ao longo da vida, termos ou não
desfrutado do sabor dela, vida, termos ou não experimentado o bel-prazer do gosto
que só o pecado encerra, ou de, como dizem nuestros hermanos, podermos olhar
para trás e dar gracias a la vida…
Por
uma razão ou por outra voltarei lá, aos passadiços da Serra D’Ossa, aos
banquinhos onde nos dessedentámos e nos dessedentaremos, voltarei a subir e
descer os 1732 degraus do passadiço com o mesmo empenho, voltarei a provar a mim mesmo que estou
capaz, voltarei a sonhar, voltarei a sentar-me à mesa do CHANA, porque a mim,
todas as desculpas e todas as razões me sobrarão para lá voltar, e voltar a
sentar-me naqueles banquinhos mágicos que me darão novamente descanso às pernas
e asas à imaginação...
Carpe diem.
https://www.youtube.com/watch?v=DFZxBvUMlG0