domingo, 7 de junho de 2020

646 HÁ FOME NO ALENTEJO, NÃO HÁ FUTURO...


No Alentejo e especialmente em Évora caro amigo que me estás lendo, caro eborense, este texto é para ti que tens a cabeça cheia do sucesso que propagandeiam mas sofres na pele o drama da miséria em que o país cai sem que ninguém te ouça. Sofres calado e sem esperança há demasiado tempo, o país e os nossos governantes com tudo se preocupam menos com a vida dos portugueses, com a tua, com a minha, com a de todos. Como tu sei muito bem que a crise não é de agora, vem muito de trás... Como tu sinto na pele haver reformas que deveriam ter sido feitas há 40 anos e continuam na gaveta... Em 25 de Abril no exacto momento em que acabou o autoritarismo do antigo regime começou a estagnação do novo... A estagnação e o oportunismo...  *

Essa mudança tem sido bem feita, demorámos quarenta anos a dar por ela, contudo todavia mas porém não estamos melhor, todo o país definha e já nada é nosso, dantes tudo era deles, de uns poucos, agora não é de ninguém, foi vendido à estranja... Lastimo que unicamente os aspectos negativos tenham ficado para nós. A actual escolaridade média é um bluff, o INE afirma que o período de maior crescimento de economia portuguesa foi entre 1953 e 1974... Foi preciso a liberdade e a democracia para que a libertinagem em que se entrou e se lhe seguiu deitar tudo por terra... Dantes éramos pobres, agora caminhamos para miseráveis... Dantes o país que crescia a uma média de 10% ao ano, cresce agora a 1,2% ou 1,3% e fazem-te acreditar estares a participar numa via de progresso e de sucesso.
  

Antes de Abril o país evoluía e preparava-se para um progresso sustentado e com profissionais à altura do desafio que enfrentava, com o 25 Abril o país e a escolaridade tornaram-se um bluff, agora o país não produz, não cria emprego mas cria dívida, não cria oportunidades mas inventa impostos e os estudantes saem das escolas analfabetos, verdadeiros estúpidos funcionais... iletrados... ignorantes...
  
Verdade que o CHEGA precisa de ti, mas tu também precisas do CHEGA, juntos criaremos a força necessária para deitar abaixo parasitas e oportunistas, juntos criaremos a força necessária à mudança, uma mudança que olhe para ti, que olhe por ti, por mim, por nós. Sem ti o CHEGA não chegará a lado algum, sem o CHEGA tu nunca verás reposta nem a democracia, nem a igualdade, precisamos do CHEGA para cilindrar a desigualdade, a iniquidade, a injustiça.
  
Divulga e partilha esta página junto de amigos e conhecidos, junto de zangados e ofendidos, junto de empobrecidos e desempregados, doravante esta página será o nosso ponto de reunião, de união, o nosso estandarte, a nossa bandeira no Alentejo, divulga-a junto de eborenses e alentejanos, a nossa terra tem futuro, tem futuro connosco, nunca terá futuro sem nós.



* VER TAMBÉM O TEXTO 643 - 





quarta-feira, 3 de junho de 2020

645 - PEQUENOS INDUSTRIAIS, QUE TEIMOSIA... By Maria Luísa Baião *



Há quinze dias, mais precisamente na terça, 27 de Março deste ano da graça de 2001, desloquei-me com curiosidade ao Hotel da Cartuxa para assistir aos debates sobre “Évora, Cidade Moderna”, onde também esteve presente o Director deste Diário que, na quinta-feira seguinte apresentou uma local sobre o evento, nunca tendo eu pensado que o assunto a tanta gente preocupasse deveras.

Várias ideias chave se fixaram facilmente no meu espírito, umas devido à eloquência dos oradores, outras relevantes pela pertinência dos casos abordados. De uma coisa fiquei ciente, não me apercebera ainda, e considero-me uma pessoa bem informada, da profundidade ou gravidade que a estagnação da nossa cidade atingiu.

Efectivamente de há muitos anos a esta parte temo-nos confinado à preservação e divulgação do Centro Histórico, como se tudo o resto não existisse. E o resto são o grosso dos habitantes desta terra, somos todas nós, vivendo maioritariamente em bairros sem a mínima qualidade de vida ou articulação com o centro da cidade.



Numerosos hiatos se interpõem entre a cidade e os bairros, em especial nestes, e não somente do ponto de vista arquitectónico, mas também funcional. Falta de equipamentos, de transportes bem articulados, vias de acesso e estacionamento, zonas verdes, mobiliário urbano, enfim, pasmei com o que é possível fazer e não tem sido feito.

Talvez a questão que mais me tenha sensibilizado tenha decorrido do espaço para construção ou mesmo das construções imobiliárias, cujos valores atingem em Évora números aterradores, fortemente condicionantes da fixação de investimentos e pessoas, autêntico travão ao desenvolvimento, à criação de emprego, ao progresso.

Provavelmente já todas nos apercebemos que a vida não está fácil, nem para nós nem para os nossos filhos, o que talvez não tenhamos interiorizado ainda é que é possível alterar este estado de coisas.


Évora apaga-se a cada dia que passa por falta de uma liderança ambiciosa e capaz, está ela própria a perder o lugar de liderança que detinha no Alentejo, a comprová-lo o facto de alguém ter lucidamente apontado o exemplo da nossa “Terceira Zona Industrial”, um espelho inequívoco da nossa realidade e bem à altura do Terceiro Mundo para que esta cidade caminha.

Terceira Zona Industrial ? Exacto ! Eu já a conhecia, simplesmente comodamente aceitara que as coisas eram mesmo assim. São assim, mas podem ser de outro modo, haja quem tenha vontade e queira. Há algum tempo precisei de uma grade em madeira para substituir uma janela da garagem, onde fui levada ? À quinta do Capitão Poças, ali para o St. Antonico. Outra vez tive necessidade de tirar um risco do carro, fui dar ao mesmo sítio, quem precisar de algo, na nossa terra, não precisa de consultar as Páginas Amarelas, vá ao lugar que vos indiquei, ali há de tudo para todos. Verdade ? Verdade ! Sem as mínimas condições de segurança, de higiene, de trabalho. Ali impera o elevado espírito desenrasca e inventivo, tão típico dos portugueses, é todo um submundo de alminhas governando-se trabalhando, numa promiscuidade de misteres e gentes equilibrando-se no arame, como num circo.



 Sucateiros uns, habitando casas degradadas outros, lado a lado tecnologias de ponta e os mais arcaicos processos, mas todos lutando, sobrevivendo teimosamente, desfeando esta cidade Património Mundial, num amplo espaço clandestino.

Na realidade pergunto-me quantas pequenas indústrias e actividades não estarão na nossa terra segregadas em guetos, umas em garagens, outras em vãos de escada, outras em quintais insalubres, outras em pequenos espaços que exigem de quem neles labuta corpo de contorcionista e paciência de santo, sem hipóteses de crescerem enquanto empresas, sem condições para criar riqueza, emprego, limitados na sua coragem, limitados na sua criatividade, teimosamente sobrevivendo, sem que o Poder Local alguma vez se tenha preocupado com tal desiderato.

Um dos presentes levantou-se comovido do meio da assistência e ali mesmo prometeu que com ele não seria assim. Acreditei, porque senti sinceridade nas suas palavras, e porque acredito nessas dezenas ou centenas de empresários, pequenos artificies e industriais a quem se lhes forem dadas condições poderemos ficar a dever muito do desenvolvimento desta nossa cidade, uma cidade do Terceiro Mundo, plantada em pleno Século XXI.





By Maria Luísa Baião, texto publicado no Diário do Sul, coluna KOTA DE MULHER, em 12 - 04 - 2001              






terça-feira, 26 de maio de 2020

644 - PORTO - RUA DA CONSTITUIÇÃO 758 .........


Tomava uma tarde destas um capilé numa esplanada do café Bugatti, na rua da Constituição 758, ao Porto, quando, para fugir ao convite a comer uma francesinha lancei como mote de conversa o curioso nome daquela rua. Não o disse mas quem me conhece sabe perfeitamente preferir eu as de Vendas Novas, pelo que, fiel à minha tradição e gosto, airosamente me safei da francesinha que me queriam sentar no colo.


Pois a rua da Constituição deve o seu nome a isso mesmo, à Constituição, qual delas ? Naturalmente uma não tão velha quanto aquela velha rua mas velha, mais concretamente a primeira Constituição portuguesa, a de 1822. Sim, Portugal foi pioneiro na moderação do poder politico, em 1822 acabava-se o absolutismo da nossa monarquia que se adaptou aos novos ventos europeus e aceitou partilhar responsabilidade e poder.


Contudo as coisas não correram da melhor forma ainda que se tenham aguentado durante quase cem anos, perder poder é uma espinha que fica sempre atravessada na garganta, não o ter todo para si mesmo é ambição que tira o sono. Como tal esta parceria entre os reis e os homens duraria até 1910, ano em que tomou assento no trono o absolutismo republicano.

Foram noventa anos de altos e baixos, mais baixos que altos, até o tira teimas de 1910 acabar com o ora agora mandas tu ora agora mando eu. Creio que o desiderato não se ficou a dever tanto aos defeitos da monarquia ou às virtudes da república mas sim ao facto de estarmos em Portugal e o povo, naturalmente ser o português, esse eterno insatisfeito.

Em boa verdade se as coisas correram mal durante noventa anos, de 1910 a 1926, uns meros dezasseis anitos, a coisa correu pessimamente. Os então dois maiores e representativos partidos nunca se entenderam, iguaizinhos aos nossos PS e PSD, e por nunca se terem entendido, a economia ter soçobrado, a fome avançado e a miséria espalhado em 1926 deram o braço a torcer, ajoelharam e pediram a Coimbra os favores de um seu professor de finanças o qual, contrariado mas veio, o tempo suficiente para ter reparado não ser aquela gente que se cheirasse tendo feito as malas e regressado à sua velha Coimbra, na gíria eu diria que acabara de fazer um manguito a quem tivera a veleidade de o convidar.


Com a sua partida as coisas foram de mal a pior, Portugal atravessava as ruas da amargura, o país estava virado do avesso e depauperado. Henrique Raposo num seu pequeno, barato (3,50€) mas ilustrativo livrinho, “Alentejo Prometido” 112 páginas, uma edição da Fundação Francisco Manuel dos Santos datada de 2016 e que na altura gerou por estas bandas em que vivo enorme celeuma, dá-nos correctíssimamente conta do ambiente social vivido no Alentejo, ambiente que poderemos sem risco extrapolar para o resto do país.

Ou seja, as coisas não poderiam estar pior, pior só viriam a estar por alturas de 2020, onde de novo os dois principais partidos desta mísera republica se digladiam para ver qual deles é capaz de atirar o país ao tapete. Com uma divida enorme e que se vai agigantar, o país patina há 46 anos, mais concretamente depois daquela madrugada que todos esperávamos, depois daquele dia inicial inteiro e limpo d’onde emergimos da noite e do silêncio, e depois de livres termos habitado a substância do tempo, voltámos a fazer como a avestruz e a enterrar a cabeça na areia, lixando o nosso futuro e o dos vindouros numa loucura inexplicável que ninguém se atreveu, nunca, a denunciar, muito menos a pôr termo.


 Mas eis que do nada surge um estandarte, um líder, uma vanguarda abrindo caminho à onda avassaladora que nos há-de submergir para, como a Fénix, podermos acordar num novo amanhecer que até hoje ninguém, repito ninguém, se atrevera a colocar em marcha, todos vendo o rei nu, todos calando cobardemente o que urge denunciar. E surgida esta figura, que nada mais é que um estandarte, um condutor, um mobilizador, atrever-me-ia a dizer um salvador, que fazemos nós ? Tal como fizeram a Cristo logo pensamos crucifica-lo, mesmo antes de ajuizarmos o por quê da sua vinda, a oportunidade do seu nascimento/ aparecimento, a necessidade que a sua epifania cumpre, a necessidade de mudarmos de regime visto o nosso ter ficado cego e surdo aos motivos que lhe estiveram na origem e podermos afirmar existirem hoje mais desigualdade, injustiça e iniquidade que as que havia quando da tal madrugada que todos esperávamos, depois daquele dia inicial inteiro e limpo d’onde emergimos da noite e do silêncio, e depois de livres termos habitado a substância do tempo, voltámos a enterramo-nos na merda até aos cabelos.

Bifana de Vendas Novas

São injustos os ataques a André Ventura e ao CHEGA, nem o homem nem o partido tiveram ainda tempo nem oportunidade de mostrarem ao que vêm e quanto valem, contudo todos à vez ou ao molhe lhes caem em cima como se tivessem lepra, mas são incapazes de fazer mea culpa mea culpa e indagar os motivos que estão na génese e na necessidade do aparecimento de André Ventura e do seu partido. Ninguém se incomoda em saber o que deveria ter sido feito ao longo dos últimos 46 anos e não o foi ? Só os incomoda o que partido e homem ainda nem tempo tiveram para fazer ?

O país entrou numa espiral que o enterra cada vez mais fundo, o compadrio, o seguidismo, o parasitismo, o favoritismo e todos os males que pretendemos combater em 74 estão no seu auge, no seu máximo, então e agora não há necessidade de lhe pôr cobro ? Precisamos de um regime novo que reponha em funcionamento as virtudes da democracia, André Ventura é o agitador, o mobilizador, não o populista mas o adventista que reporá nos carris um comboio destrambelhado. Durante 46 anos quem deveria ter pugnado pelo país e pela democracia só fez por si mesmo, é oportunista, mas só têm críticas e pedras a atirar ao populista que nem isso ainda teve tempo para ser ? Não tenho agora a menos dúvida que Salazar era inteligentíssimo, sabia o que fazia e como o fazer, sabia com quem tratava e como tratar este país, esta gentinha, com um garrote na língua e uma bota cardada no pescoço. Manteve-se 46 anos no poder praticamente sem um protesto, e morreu de velho, velho e pobre, não o defendo, mas do outro lado do mundo Mao foi outro timoneiro que nunca hesitou em conduzir o seu povo nem que fosse à bordoada. E fê-lo.  

A “Revolução Cultural” chinesa foi provavelmente a revolução mais abjecta que possamos imaginar, todavia foi necessária. Lá, tal como cá, os obreiros da revolução comunista tinham-.se instalado no poder, travando o país, imobilizando-o a seu desejo e conveniência. A velha e renovada China estava a voltar aos tempos feudais por interesse dos seus revolucionários, tal qual está acontecendo em Portugal, os mesmos que fizeram o 25 de Abril instalaram-se e não abrem mão de oportunidades para os demais, a esperança que foi o 25 de Abril está a morrer às suas mãos e devido aos seus gananciosos interesses pessoais. 

Sem o horror dessa revolução a China nunca teria podido vir a ser a potência que é hoje. Há males que vêm por bem, Deus por vezes escreve direito por linhas tortas. Faça-se como fez Mao, uma nova revolução, não abjecta como o foi a Revolução Cultural chinesa, mas fundada na necessidade de repor os valores da democracia que estes democratas reservaram exclusivamente para si mesmos, para familiares e amigos numa vergonhosa e inimaginável prática que nunca julgámos vir a ser posta em uso. Mas contra essas práticas a comunicação social, vivendo de subsídios, vendida e rendida ao poder, nada diz, vive de esmolas, entretém-se a chamar fascista ao outro.

Está bem, estamos conversados.  









SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

25 DE ABRIL

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.

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sexta-feira, 22 de maio de 2020

643- HÁ DE NOVO MUITA FOME NO ALENTEJO...


No Alentejo e em Évora. Uma destas manhãs, quando descendo a rua dos Penedos me dirigia à casa de flores “Dorita” deparei-me com um inusitado ajuntamento e, para além dele uma enfiada de carros estacionados em cima e ao longo do passeio. Parei, no entretanto fiz rodar os olhos em redor e num varrimento género radar a fim de detectar a fonte e motivação daquela tão colorida quanto multifacetada pequena multidão. Estacionei no lugar próprio e enquanto a Dorita me compunha o ramalhete pretendido tirei-me de cuidados e acerquei-me do heterogéneo magote dessas boas gentes.

Notei estarem em frente às instalações da Associação Pão e Paz, logo lembrei que desde há muitos anos essa associação tem vindo paulatinamente desempenhando a sua função caritativa, facto por mim recordado com carinho. Achei por bem escrever este artigo onde essa acção meritória fosse de novo dada a conhecer à população eborense/alentejana e, quiçá sensibilizar alguns de vós leitores, instituições ou empresas, a fim de darem apoio a esta obra exemplar.


Eu cá estarei para dar publicidade e relevo à vossa atitude altruísta e acção humanista. Compreenderão agora por que de imediato tirei alguns apontamentos / notas e fotos onde me basear sem faltar à verdade, e após bater à porta dessa digna associação foi-me aconselhado enviar as minhas questões por escrito e por email, o que naturalmente fiz.

 Pormenor comum a quase todos os presentes em espera, estavam armados com aqueles sacos de compras grandes, usados quando vamos ao híper para trazer as compras da semana e, nalguns casos vislumbrei nesses sacos o que me pareceram taparueres, o que vim a confirmar.

Não foi difícil saber o que ali os juntava, mas, como desta vez o seu número aumentara bastante em relação ao que eu recordei habitualmente ver por ali, indaguei junto de vários, até concluir p’la unanimidade dos esclarecimentos e sem sombra de dúvida ser a fome que ali os levara. Ali à Rua dos Penedos 13, e à meritória Associação Pão e Paz que há perto de 15 anos se dedica  a uma função humanitária digna de louvor e de apoio, matar a fome a quem a tem.


A nossa sociedade evolui e vibra todos os dias com o sucesso e progresso alcançados, e quem quiser aquilatar da dimensão desse progresso e sucesso só tem que ir entre as 11:30 e as 13:30 espreitar ali ao final da Rua dos Penedos as razões da minha ironia e do meu descontentamento.

Isolados ou em grupo, há mesmo famílias que chegam de carro, envergonhadas, esperando a sua vez de saco na mão até que, à vez, desculpem-me a redundância, lá se vão aproximando da porta da benfazeja associação p’ra encherem o saco e a barriga. Aquela porta está sempre aberta, no limite a última porta que encontrarão aberta no mar de tantas outras que certa e infelizmente se lhes fecharam.

Todos afirmaram o mesmo, há mais gente agora dependente da sopa dos pobres do que alguma vez houve, gente dependente da caridade para matar a fome, a fome que além deles nos devia envergonhar a todos.

E não culpem somente o vírus, este país tem as reformas por fazer que deveriam ter sido feitas há 40 anos, e ainda esperam a sua vez para serem feitas. Enquanto uns esperam que lhes matem a fome outros prosperam, quantas vezes sem sabermos como, e muitos outros enriquecem inexplicavelmente mas indiferentes ao rasto de pobreza e miséria que a sua indiferença deixa atrás. Este país tem de tudo, de vígaros e ciganos, de anjos a demónios, tem de tudo menos oportunidades onde os portugueses se possam realizar sem terem que roubar ou daqui abalar.


Situações destas, que rádios e jornais nacionais e locais deveriam denunciar parecem ser ignoradas, caladas e abafadas. Será no interesse e na mira do subsídio estatal que acuda (compre) à comunicação social ? Será que o dinheirinho está primeiro, e a verdade e as pessoas ficam para depois ?

Depois queixam-se que ninguém compra ou lê jornais, ou perde tempo ou dinheiro em publicidade nas rádios que ninguém ouve. Mais que o país são as mentalidades que precisam ser mudadas, mentalidades e leis, leis que não ignorem as necessidades e urgências deste povo, leis que não protejam corruptos, oportunistas e quejandos, leis nos tirem da vergonha e cauda da Europa.

Passaram quarenta e seis anos, não houve interesse, vontade, oportunidade, tempo nem vagar para instalar e fazer cumprir a democracia ??

Chega desta desigualdade.

Chega desta iniquidade.

Chega desta injustiça.



NOTA - Foram benfeitores do projecto da Associação Pão e Paz as seguintes pessoas ou entidades: Imobiliária Era, Liga dos Amigos do Hospital, Banco Alimentar Contra a Fome de Évora, Continente de Évora. Auchan de Évora, lojas Recheio de Évora, Salesianos de Évora, Pepe Aromas, Zé Miguel e Rosa Leal da Costa, SIC Esperança, pela Federação Portuguesa de Futebol, Câmara Municipal de Évora e ao Centro Distrital de Segurança Social, empresa “Francesinha em Casa” e a Transportadora Nacex, Frutas Mangas, Evoralimentar, FRA, Margarida Ilhéu, Gosto Alentejano, Hortisea na pessoa do Rui Pereira, o Diogo, a Vanessa, o Tomás, o Martim, a Carminho e o Santiago, CRE, Junta de Freguesia de S Mamede. E que me desculpe alguém que eu tenha esquecido.

Você pode também ajudar através de transferência para esta conta da Associação Pão e Paz : IBAN: PT50 0007 0000 0018 8219 3832 3

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Seguindo o exemplo a Fundação Eugénio de Almeida tomou há dias idêntica iniciativa, como se pode ver por esta noticia, a qual nos dá conta da abertura de um refeitório social com capacidade para fornecer aos novos indigentes e vítimas do progresso e sucesso nacionais seis mil refeições diárias:




NO SITE E PÁGINA DA ASSOCIAÇÃO PÃO E PAZ PODEMOS ACEDER A ESTAS INFORMAÇÕES:

Fundada em 21 de Julho de 2006 a Associação "Pão e Paz - Associação de Solidariedade Social" tem como objectivos principais, servir os mais carenciados, proporcionando-lhes:
Uma refeição quente, diária, na instituição ou na sua própria residência, caso não se possam deslocar.
Possibilitar higiene pessoal e tratamento de roupas.
Dormida temporária aos sem-abrigo.
O âmbito da Associação "Pão e Paz - Associação de Solidariedade Social" abrange sobretudo a cidade de Évora e o seu concelho.
Sede na Rua dos Penedos, 13, 7000-531 Évora
Telefone - 266 704 052 , Telemóvel – 969816162
Resp. Dr.ª Teresa Caetano
site - www.paoepaz.pt  endereço electrónico : paoepaz@gmail.com
página em rede social : https://www.facebook.com/pao.e.paz/
Sobre esta associação pode ainda ler-se na sua página na rede social Facebook:
A Associação "Pão e Paz - Associação de Solidariedade Social" é uma instituição particular de solidariedade social (IPSS), sem fins lucrativos.

A Associação "Pão e Paz - Associação de Solidariedade Social" é uma instituição particular de solidariedade social (IPSS), sem fins lucrativos, que brotou do coração de cristãos. Surge para colmatar carências humanas, sociais e económicas, independentemente da cor, raça, país, língua, religião, dos utentes.

Informação geral
Conhecedores e preocupados com a realidade social em Évora e seu concelho, um grupo de cristãos reuniu-se pela primeira vez aos 28 dias do mês de Janeiro de 2002, naquela que ainda hoje é a sede provisória da Instituição que se veio a designar de Pão e Paz.

Já então preocupados pela pobreza que conhecíamos lutámos por alcançar resposta aos rumores que nos chegavam.

Após alguma luta conseguimos de um amigo, José Flamínio Roza, um espaço que nos tem permitido realizar o primeiro dos objectivos a que nos propusemos – dar uma refeição quente, diária os mais necessitados.

Muitos têm sido os que nos têm ajudado, sócios e amigos da Pão e Paz, a concretizar aquilo a que nos propusemos.

Algumas têm sido também as iniciativas que temos tomado, exposições, venda de Pintura e Escultura com a participação de pintores e escultores de nomeada da nossa praça. Participação nas Feiras promovidas pela Câmara Municipal, São João e do Livro.

Neste momento estamos em negociações com os herdeiros de José Flamínio Roza para aquisição de um outro espaço que nos permita realizar os outros objectivos da Pão e Paz – dar higiene pessoal e de roupas e dormida aos sem-abrigo. Com a coragem e a força que sempre nos tem animado havemos de conseguir.

Quando este objectivo estiver concretizado realizaremos tudo a que a Pão e Paz se propôs. A partir daqui TUDO o que o Pai do Céu espera de nós será possível, incluindo levar aos necessitados que tem dificuldade em deslocar-se, as refeições de que carecem.

Data de fundação 21 Julho 2006 - Organização sem fins lucrativos · Serviço social
  

terça-feira, 21 de abril de 2020

642 - SEM VÍRUS, UM POSTAL DE MARROCOS ...



De uma amiga confinada de surpresa em Marrocos, onde desenvolvia a sua actividade profissional, restauradora de arte, mester que a tem afastado de Portugal e a tem levado a todos os países que valorizam e defendem preservando-o o seu património cultural, artístico e arquitectónico, recebi esta manhã o testemunho de que vos dou conta, brevemente trocado numa conversa no Messenger e somente para que possam comparar atitudes, acções e modos de fazer a mesma coisa… 

Aqui vai a conversa tal qual a trocámos esta manhã:


  
Ela - Estamos a atravessar tempos muito complicados e não vejo que tão cedo se volte à normalidade, se é que ela alguma vez virá a existir como a conhecíamos.
  
Aqui, (em Marrocos, esclareço eu), as medidas tomadas foram e são extremamente duras. Ninguém se pode deslocar para fora da área de residência, há barreiras policiais em todas as ruas e avenidas para controlar o tráfego quase inexistente. Os transportes públicos foram suprimidos, ficou um autocarro eléctrico para Menara e outro não sei bem para onde. circulam muito poucos táxis, apenas os de 7 lugares porque todos os outros foram proibidos. Foi imposto o uso obrigatório de máscaras, tudo foi fechado à excepção de hipermercados, farmácias, bancos e estações de correios. uma ou outra empresa de comunicações, algumas lojas de frutas e legumes, mercearias e venda de pão estão semi abertas nos souks.
  
Temos um documento para poder sair de casa e adquirir bens alimentares, medicamentos e serviços médicos. Como estou dentro da Medina há em todas as portas e também espalhados pelas ruas ajudantes de polícia, o equivalente aos moços de esquadra espanhóis, para controlar os documentos e também o uso da máscara. As ruas são fortemente policiadas, tanques militares fazem giro pelas grandes avenidas e é visível por todo o lado a presença da guarda real.
  
Por aqui não se brinca. Nos bancos e correios por exemplo, só entra uma pessoa de cada vez, têm porteiro devidamente protegido para abrir e fechar a porta, estabeleceram barreiras a 1,5m dos balcões e somos desinfectadas à entrada assim como nos supermercados.
  
Nunca nos faltou nada desde máscaras a luvas, gel ou álcool. Nas caixas multibanco existem prateleiras com frascos de desinfectante e caixas de kleenex. As distâncias são respeitadas e sinto que aí vivo no terceiro mundo. Nas famílias marroquinas (se tivesse aqui a minha seria igual), só um membro de cada família tem o documento/passe que permite ir à rua, os restantes não podem sair de casa. Soube a semana passada que quando a pandemia começou em Itália o governo daqui colocou todos os embaixadores e cônsules a negociar com outros países materiais médicos, daí estarmos tão bem preparados.
  
Tenho amigos tão confinados como eu, vamos falando pelo telefone, mas nada de encontros.
  
O Rei Maomé VI, foi ele que tomou as rédeas, antes de fechar fronteiras conversou com o Marcelo, o Filipe VI, Macron e o presidente de Itália de quem não sei o nome, a avisá-los, todos concordaram, quanto ao resto da Europa e restantes países deve ter seguido uma informação idêntica via diplomática, suponho. Marrocos sofreu pressões imensas e vergonhosas da União Europeia porque ao fecharem fronteiras estavam a prejudicar a economia através das companhias aéreas e do turismo, mas aqui mantiveram-se firmes.
  
Na passada semana chegaram os grandes elogios de Bruxelas pelo comportamento exemplar tido por Marrocos e ofereceram 420 milhões de euros para ajudar a combater a epidemia, penso até que irão libertar mais dinheiro para o mesmo fim.
  
Sinto que é o único país que tomou as medidas certas no tempo certo, e apesar de os números graves irem subindo demonstram como os marroquinos fizeram um bom trabalho. Para 30 milhões de habitantes há cerca de 2500 contagiados, o que os deixa de cabeça perdida, imagine se estivessem como aí. o mal começou por dois turistas vindos de Itália, mas uma vez detectado o vírus rapidamente dividiram as possibilidades deste surto em 3 áreas e fases de cerco e combate. estamos neste momento na terceira, isto há cerca de uma semana. Perdão foram dois marroquinos vindos de Itália e não turistas (acho que viviam lá).
  
O maior problema aqui é o fato de muitas famílias viverem em casas extremamente pequenas onde se concentram pela força do confinamento várias gerações, avós, pais, filhos ... Veremos como vai continuar. Meios não faltam, inclusivamente todas as clínicas privadas mesmo francesas e espanholas abriram neste momento as portas para o que for necessário gratuitamente, tão pouco custará algo ao governo. Uma extrema solidariedade.
  
Não se esconde nada, todos os dias o ministro da saúde dá uma conferência de imprensa a dizer o que se passa, relatar as medidas já tomadas ou a implementar, divulgar os números de contagiados, de recuperados, de mortos no dia e hora, localização geográfica e hospitais onde se encontram. encontravam… Estou fascinada mesmo sendo tudo por uma razão tão grave e triste.
  
Claro que os dias custam muito a passar, não é o mesmo que estar em casa de todos os dias. Tenho pouco ou nada com que me entreter porque quando estou aqui em Marrocos não venho para ficar em casa. O que me vale é que trouxe 3/4 livros e terão que chegar. costumo passar os dias na rua, como sempre fora e as noites são para os amigos. Agora tudo mudou. Amanhã começa o Ramadã e as mesquitas não abrirão.


 Aqui dá-se uma ordem por exemplo às 10h da manhã para ser cumprida até às 18h. e é exemplarmente cumprida Só soube que iam cancelar eventos e encerrar os restaurantes, cafés, escolas, mesquitas, cinemas, museus quando cheguei para almoçar ao restaurante de um amigo por volta das 2h. Disseram-me para ir comprar umas coisas de alimentação para ter em casa e lá fui nas calmas. Quando dei por ela todo o restante comércio fechara por recriação própria, todas as lojinhas do Souk fecharam, foi impressionante. Nem no supermercado se entra sem controlo de temperatura. Tão pouco tive tempo para comprar mais livros, material de pintura, enfim coisas de que necessito e gosto para ajudar a passar o tempo. E assim vai a vida por aqui.
  
Vou ver os números hoje e já te digo. Tinha isto escrito para te enviar há uns dias…
  
Neste momento são 2900 contagiados,

143 mortos

350 e tal recuperados.

Os números têm vindo a aumentar também devido ao maior número de testes efectuados.

Provavelmente haverá sítios onde possam faltar determinadas coisas, aqui ainda não me faltou nada. A indústria têxtil está a fabricar máscaras, há também fabrico de ventiladores ...

Olha, e já agora qual a tua opinião quanto à origem do Covid ?

O grande problema aqui é a escassez de médicos de reanimação e anestesistas, além de evidentemente haver ainda pobreza entre a população residente em pequenos lugares sem hospitais.
  


Eu - Olá Mariazinha, ou Fátima, ou Beatriz, ou Leonor, ou Zézinha, voltei. Desculpa a demora e interrupção da conversa mas teve que ser, e depois meteram-se outras coisas no meio…. Olha até às compras já fui 😛
 Acerca do aparecimento do vírus contam-se muitas coisas como sabes, vão desde teorias da conspiração, que não desprezo pois nos laboratórios de guerra biológica um vírus pode escapar-se, é um bichinho tão pequenino que dez milhões podiam dançar na cabeça de um alfinete, por isso imagina quão difícil é segurá-los ou confiná-los.
  
Pode ter acontecido um descuido e ter havido uma fuga pois não creio que tenham metido o vírus á solta propositadamente ou tenha aparecido de geração espontânea na natureza, provavelmente brincavam a Deus e Deus lixou-os...

 Aparentemente trata-se de um simples vírus da gripe de uma nova estirpe portanto diferente, mas cuja diferença faz toda a diferença, tal como Pizarro e Cortez fizeram diferença para Maias e Aztecas…
  
De resto Eu sei lá, tu fazes com cada pergunta, eu não sou Deus, ando lá perto mas ainda não me foi dado foral.
  
Olha

Desolha
  
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

 Cuida-te

 Bjs nossos