sábado, 18 de julho de 2015

253 - ARRANJA-SE EMPREGO * ……….....…...……


Parte 1
A crise tem arrasado o emprego, os especialistas consideram terem-se perdido 300 mil empregos durante os últimos anos de Sócrates e outros tantos depois do novo e inexperiente governo ter entrado em funções. Os milhentos cursos existentes e sem qualquer interesse também não ajudam a equilibrar a procura e a oferta...

Não é um panorama animador, e espelha a incompetência e incapacidade de prever, acautelar e enfrentar os problemas com que nos debatemos desde o 25A, problemas que todos tornearam, ou empurraram com a barriga, sem resolver. Aberta a inadiável crise os números estão aí para o comprovar e, com taxas de crescimento ridículas, que nem tão pouco se aproximam dos 2%, quanto mais dos 4% mínimos necessários para que algum emprego tímido se crie, só mesmo gente oportunista e demagoga achará que o desemprego está a descer. Eu diria antes flutuar ao sabor de mais ou menos estágios que o governo financia como estratégia para o camuflar. Somente parvos acreditarão numa recuperação que nem daqui a vinte anos virá, e no entretanto, uma, duas ou três gerações, nada mais conseguirão na vida que criar calo no cu, como os macacos.

Com o advento da democracia e o abandono dos cursos profissionais cometeu-se um erro crasso, há cursos a que somente agora, passados quarenta anos estamos a voltar. Em simultâneo, e em contraste com o que os governos apregoam à boca cheia, investir e criar a própria empresa tornou-se quase proibitivo, dadas as dificuldades financeiras, fiscais, legais e burocráticas a tornear, areias movediças onde contudo alguns papalvos se aventuram.

 Apesar do ensino profissional ter voltado em força, embora tarde e a más horas, deixa todavia lacunas em determinadas áreas altamente rentáveis, que não foram contempladas com um único curso. São áreas em que ninguém parece disposto a apostar, a pegar, ou a promover. De minha livre iniciativa irei, (n.b. fui professor, estou aposentado), em dois ou três textos, procurar ajudar quem estiver interessado em ajudar-se nesta adaptação ao mundo do trabalho e na escolha de um inovador ramo profissional. A formação, que no caso é muito especifíca, tem sido até aqui completamente descurada e a sua ausência tem diariamente colocado a ridículo quem, devido à sua falta ou a má preparação, exerce neste âmbito alguma actividade. 

Alertarei para as vantagens, desvantagens e enquadramento legal deste tipo de ocupação, atendendo a que a profissão será professada, ou exercida, num país altamente disfuncional como é o nosso caso, e frisando desde já não me considerar minimamente responsável por quem assuma o mister, tanto mais não se tratar de uma brincadeira de crianças ou de coisa para menores.

Trata-se de uma profissão que deve ser abraçada com sinceridade para ter sucesso, não escondo exigir algum trabalho, qualquer licenciatura de merda o exigirá, e não trará de retorno um milésimo da compensação, também não escondo que exige um caracter forte e uma personalidade vincada. Se és dos que preferem a papinha feita vai para arrumador de prateleiras ou caixa de um hipermercado e não percas tempo, nem mo faças perder a mim que me fartei de aturar gaiatos e já cá tenho minha dose.

Como ia dizendo trata-se de uma opção muito compensadora, e o low profile que exige casa bem com o facto de sobre ela serem divulgadas pouquíssimas ou nenhumas informações, sobretudo no que concerne aos rendimentos auferidos, ou obtidos.

Dir-te-ei, a título meramente facultativo, estarmos perante uma área que alimenta vastos sectores da economia, dos seguros à investigação de ponta, da electrónica aos recursos humanos, à construção metalomecânica, e presente desde o mais modesto e baratucho carrito à residência mais luxuosa.

Exigirá de ti um leque de conhecimentos muito particulares que nada têm a ver com as generalidades que enchem os currículos de quaisquer cursos universitários, saber este que só informalmente poderás adquirir, reclamará de ti uma entrega total, sangue, suor e lágrimas, mas em contrapartida compensar-te-á principescamente. É garantido. Terás que aprender a ser controlado, contido, comedido, a raciocinar rapidamente, a ponderar decisões, a ver, a observar, a deduzir e intuir, e a cultivar o sangue frio e a arte da paciência. Confesso-te ser para mim que meramente ensino algumas matérias, altamente absorvente, motivador e aliciante.

Depois de todo o palavreado que debitarei durante os 3 ou 4 textos prometidos, poderás solicitar junto de mim informações sobre a formação, custos, horários, preços, propinas, jóias, sinais, adiantamentos, reclamações, devoluções, etc. etc. etc... Logo que terminados os textos abrirei em simultâneo as pré inscrições, pelas razões que a seu tempo compreenderás só aceitarei um (a) aluno (a) de cada vez. Cada um de vocês desconhecerá os restantes, e cuidarei de acautelar que nem tão pouco se cruzarão à entrada ou à saída. O sigilo é a alma do negócio, até os agentes secretos de maior sucesso são os que ninguém conhece, ou conheceu, nem tão pouco alguma vez se soube o que faziam, ou fazem.

Adiante, ou antes em frente que atrás vem gente, como diria uma amiga que tive e morreu de impaciência. * (continuará num próximo texto)

Nota- Para as senhoras, porque se dedicam mais e exigem menos de mim, haverá um desconto substancial que deverão considerar.




terça-feira, 14 de julho de 2015

252 - A PRIMA DO RIBATEJO ....................................


 A insistência com que fora convidado surtira efeito e não apareci. Na verdade são raras as vezes que, em ocasiões semelhantes apareço, e se lá sou visto podem crer que somente por nada haver de mais interessante com que me entreter. Detesto fingimentos e falsas homenagens, tanto quanto ambientes mórbidos, mais a mais dois meses atrás estivera com ela.

Uma marca de vinhos da terra e uma cervejeira muito conhecida, tinham apoiado amplamente um churrasco organizado pelo moto clube local, como não podia deixar de ser fui incapaz de decepcionar os amigos e lá estive de corpo e alma, que ao fim do dia mais pareciam Procústeo tentando à força conciliar o impossível, todavia mantiveram a simbiose.

O Galhardas foi visitar o padrinho, eu aproveitei a boleia e atrelei-me a ele, foi lá que falei com ela, a quem já não via há uns bons anos e de quem só guardo gratas recordações. Reconheceu-me mal me viu a silhueta entre portas e de imediato largou um dos seus sorrisos mais francos, daqueles que eu sempre tomara por inocência e ingenuidade puras. Os seus olhos e o seu sorriso eram inigualáveis e bastava-me olhá-los para me sentir de novo amado, acarinhado, mimado, criança.

O carinho dela cavara mais fundo em mim que qualquer outro e as muitas semanas e por vezes meses que passáramos juntos jamais foram apagados pela distância dos anos. Ela estava sentada, melhor, refastelada num dos sofás da sala e eu puxara uma cadeira para a sua beira. Agarrara-lhe as mãos, que até ao fim da conversa, ou antes da visita, não larguei. Estavam extremamente macias, extremamente leves, extremamente magras, era contudo o mesmo o calor do seu toque, um calor de que nunca me esquecerei.

Falámos de imensas coisas, da vida, do passado, do presente e do futuro, tomámos consciência do natural que seria não voltarmos a ver-nos, pelo que o melhor seria fazer naquele momento as espedidas. Jurei-lhe que mulher alguma me acarinhara como ela, e que nem o seu colo esquecera. Rimo-nos de quando ouvíamos juntos, por motivos diferentes, as radionovelas raianas, ela por querer saber se Dolores e Marianito cumpririam os laços, eu porque aquele linguajar estranho e contudo parecido me absorvia com a música do seu palrar, foi quando ela, entre gargalhadas e sorrisos me confidenciou que se apaixonara pelo tio Domingos por o ter achado desde sempre muito parecido com aquele Mariano da radionovela.

- Enganei-me querido, o tio Domingos saiu-me muito diferente e bem melhor que o tal Mariano.

Vieram-me as lagrimas aos olhos e calei-me, esperando oportunidade para mudar o azimute à conversa.

- A verdade filho é que, continuou, eu sonhara amiúde com esse Mariano apesar de nunca o ter visto, porém um dia fui a um funeral e bem a meu lado lá estava ele, o tal Mariano sonhado, bem mais alto que eu o sonhara. Agradeci a Deus ter dado corpo ao meu sonho e ideal de homem perfeito, e durante o resto do velório nunca deixei de o prendar com o sorriso dos meus olhos, que aspergiram sobre ele todas as promessas que o Senhor, na sua infinita sabedoria, me aconselhou e consentiu. 

- Foi um milagre filho, menos de quinze dias depois estávamos vivendo juntos e nunca eu imaginara que tal homem viesse a fazer-me tão feliz. O Senhor Deus tenha bem guardada a sua alma. Verdade que não conheci muitos, mas também nunca conheci nenhum como o teu tio Domingos.

- Isso não é nada tia. Também eu tenho uma experiência que nunca contei a ninguém. Há cerca de quatro anos sonhei duas noites seguidas com uma mulher que nunca vira na vida. O ano passado fui a um funeral de uma prima em terceiro grau, que morava no Ribatejo. Quando o corpo desceu à terra olhei em frente e lá estava a tal mulher, sorridente, que vim a saber ser amiga da minha falecida prima, e muito rica, riquíssima. Um primo deu-me uma cotovelada e segredou-me; ainda te hei-de ver casado com aquele pedaço Baião... Então não é que era precisamente no que eu estava a pensar ? Explicações, não tenho. Levei a "coisa" para a brincadeira, mas a verdade é que depois disso tenho sonhado imensas vezes estar ao lado dela num altar. O cérebro é uma máquina que ainda não conhecemos na totalidade tia, nem nunca conheceremos...

- Eu nunca gostei de funerais filho, para ser sincera não gostar é pouco, sempre os detestei, do ambiente de meia-luz ao cheiro das velas, ao convívio artificial, à incongruência dos presentes. Já viram num velório dizer de qualquer morto o filho de puta que ele era ? Espero nem te ver lá quando chegar a minha vez querido. 

Mais que uma despedida, ou uma última homenagem aos mortos, parece-me tia que a reunião e presença num funeral é mera catarse aos vivos, a homenagem seria quando muito dedicada aos familiares mais próximos, como se fosse medalha atribuída a título póstumo ao falecido, coisa que a maioria não merecerá. O consolo será pois ágape a repartir entre os lamurientos presentes, e a nossa presença isso mesmo, isso e uma atenção, ou consideração, ora sucede que não tenho por hábito consolar qualquer um ou distinguir com a minha presença e consideração quaisquer que a reclamem, isso é assunto de minha lavra, e que concedo a bem poucos.

Mas despedimo-nos ali, porque noutra qualquer ocasião o mais certo seria que não pudéssemos fazê-lo, por isso lhe disse ter sido uma mulher muito importante e marcante na minha vida, a primeira que amara sem que nada a isso me tivesse obrigado, nem o sentimento nem o dever, apenas o coração. Senti que tentava apertar nas suas as minhas mãos, senti faltar-lhe a força para tal. Abracei-a, mais para esconder as lágrimas que para retribuir-lhe essa sua carinhosa intenção e segredei-lhe que jamais havia de esquecê-la.

Saí de óculos de sol para disfarçar os olhos lacrimejantes e avermelhados depois de lhe ter jurado quanto a tinha amado e amava ainda.

- És alto como o tio Domingos filho.

Eu correspondi com um piscar de olhos e ela ficou sorrindo até que deixei de a ver.

Durou pouco mais de dois meses.  


 




domingo, 12 de julho de 2015

251 - COM UMA BOLA NA MÃO...............................


" COM UMA BOLA NA MÃO "

Sobre a inocência da criança
A ordália cai, dogmática, serena
Contrariando ingenuidade, confiança
Forçando-a ao carreiro de formiga, à ordem terrena.

Plêiades cessam instantaneamente de brincar
Surpreendidas por tão … rigida paz celestial …
Quedam-se suas mãos mármoreas de ordenar
Que atrevimento, irrequietude e curiosidade sejam capital

Se o jogar, o rir e a alegria lhe tirais Senhor
Esvaziada a alma, aprisionado o coração,
Em que resta crer que lhes alimente o esplendor
Se caracter, personalidade, livre arbítrio, não ?

Deixai que saltite entre as mãos delas e a bola
A curiosidade suprema, a inocência a verdade,
E o caminho e o devir do homem serão a mola
Incapaz de suster nelas existência proba, humanidade.

Recusai foçar-lhes os caminhos
Deixai que sejam elas a trilhá-los
Mostrai-lhes somente balizas, pergaminhos
Escondei auto retratos, permiti-lhes somente olhá-los.

Escolhas, selecções, preferências,
Certa e empiricamente ela aprenderá
Travai, contei, ou envergonhai-vos das vossas reticências
É livre o céu, abri a gaiola, ela certamente voará...

O voo é livre, é possível, é ciência
Só Ícaro desconhecia os seus princípios
Cera, vaidade, fingimento, incoerências
Jamais voaram mais alto que fundos precipícios.

Aprendei a ser, e a estar ...
Também a repartir, discutir ou conversar,
Altivez, sensaboria, ignorância ou presunção,
Nunca levaram ao pódio do bom senso um campeão…

Humberto Baião, Évora 11 de Julho de 2015








segunda-feira, 29 de junho de 2015

250 - SALAZAR, PERMANÊNCIA E PREMÊNCIA...


        5ª e  Última parte:


E chegámos finalmente ao final, não ao fim porque a historia nunca tem fim, mas aos finalmentes, à explicação da inclusão, no titulo, da polémica palavra premência, que também se poderá entender por necessidade, ou até urgência, imprescindibilidade, latente ou manifesta, e será que o é ? E se sim, porque o é então ?

Os romanos já há dois mil anos que o sabiam, este povo nem se governa nem se deixa governar, a menos que beneficie ou disponha, ou lhe imponham condições especiais, ou excepcionais, como a história nos tem demonstrado.

Quando em 1973 Mário Soares fundou na Alemanha com meia dúzia de amigalhaços o PS, certamente tinha em mente uma democracia como a alemã, como as europeias, pão, paz, habitação e liberdade, muita liberdade (que aliás entre nós cedo evoluiu pra libertinagem). Soares terá confiado ser suficiente para Portugal (ele sonhara-se imprescindível ou insubstituível) elaborar um mero programa democrático, o resto ficaria ao cuidado dos mercados, do mercado e da sua mãozinha invisível, e claro das feiras e romarias pategas em que o país ainda vegeta, se realiza e aplaude. Nunca terá ocorrido a Soares que uma economia idêntica à alemã, fortemente industrializada, produtiva, inovadora e exportadora, dinâmica e organizada, tem que ser feita à mão, exige muito saber e dá muito trabalho. Quando não nasce e desenvolve-se uma economia selvagem e predadora, que é o que temos e lhe podemos agradecer, pois nunca fez nada em contrário, antes muito a favor, tendo até a fama de nunca ter lido os dossiers das matérias antes de um conselho de ministros ou de outra quaisquer tomadas de decisão. 

Ficará na história como um péssimo, talvez o pior PM que Portugal teve, e se não ficar agradeça a PPC que tudo tem feito pra o superar.

Lembro-me de ser militar quando nos quartéis (e não na AR) o problema candente na época, que arrastava todos para assembleias de marinheiros, era o da “Unicidade Sindical” e da ameaça de divisão que sobre ela pairava. Efectivamente Soares, ou o PS (eles confundem-se), abateu-a com legislação apropriada ao fim, com a criação da UGT e a ajuda desinteressada de muitos marcos de uma qualquer fundação alemã cujo nome agora me escapa.  Estava assim quebrada a espinha dorsal e a força do movimento sindical português, que aliás, a exemplo dos partidos, não evoluiu pra nada de bom e se debate também com a falta de sindicância e sindicalização dos nossos trabalhadores. Nada surge por acaso. O sindicalismo actual pactua com os partidos, PC e PS/PSD/CDS, defendendo essencialmente os trabalhadores instalados, bem ou mal mas instalados, defendendo-os contra tudo e contra todos, com razão ou sem ela. Um absurdo e uma incongruência, tal como o facto de os seus pontas de lança se perpetuarem nos lugares a vida inteira.  

Mas continuemos, com o tempo este senhor tão fixe e o seu partido viriam a “não” resolver muitos outros problemas do mundo do trabalho, foi igualmente pela sua mão, e do PS, que surgiu em Portugal a novidade do contrato de trabalho a termo certo, isto é o contrato de trabalho a prazo, pai dos recibos verdes que, maravilha das maravilhas, haviam de reproduzir-se como cogumelos para exportação, os incontornáveis precários. Se tantas vezes chamo a esse partido o partido do NIN, nem sim nem não, é porque ao longo de quarenta anos nunca o vi dando um murro na mesa, ou colocando-lhe em cima os tomates. Não deu nem os tem, por isso quarenta anos passados luta por clientela como se tivesse nascido ontem, mas, no entretanto, os seus feitores não terão razões para mal dizer esta democracia de trampa que lhes devemos. Pouquissímos anos mais tarde, uma fonte cavaquista de “não” resolução de problemas legislaria no sentido de desobrigar o patronato a cativar e endereçar automaticamente aos sindicatos o valor das quotas cobradas no vencimento dos trabalhadores, o que do ponto de vista económico foi mais uma machadada na independência dos ditos cujos sindicatos.

Curiosamente o essencial do Portugal de 73 manteve-se até ao governo de Passos Coelho e outros trapalhões. Fundos de pensões, Segurança Social, ADSE, Hospitais Militares, e outros aspectos sem razão de existência e que logo a 26 de Abril deviam ter sido corrigidos, somente agora o foram ou estão para ser, infelizmente a par de muitas outras medidas cuja solução peca por tardia e continua sem desenlace. Portugal pouco ou nada, ou mal e porcamente se reformou nestes passados quarenta anos, nem tão pouco agora, com a 3ª ou 4ª vinda da Troika. Não estamos mal devido a um acaso, estamos mal porque nada fizemos ou foi feito, porque se rouba demais, porque se tem vivido desde o 25A de enganos, de irresponsabilidade e desresponsabilização, em impunidade completa, ou quase, já que ninguém rouba um frango ou uma lata de ervilhas sem que vá logo preso.

No estado em que o país se encontra surge de novo a necessidade causa e justificação pra um governante da craveira de Salazar, ou de Estaline, o evoluir das coisas ditará qual o estilo e a cardadura das botas, porque quanto à figura a dúvida não me assiste, só falta ver-lhe a cara.

Um país em que até o TC (Tribunal Constitucional) delibera em função dos que estão instalados, esquecendo uma, uma não, duas gerações, que pagam as favas sem ter culpa alguma da situação, está mais que pronto para explodir, ou a aceitar, aliás aplaudir quem apareça com a oferta de um mínimo de justiça, de igualdade e sobretudo de esperança e emprego, pois a democracia por si só não mata a fome a ninguém. Esperança e mobilização serão os motores do nosso “Podemos”, do nosso “Cidadãos”, do nosso “Syrisa”. Eu não quero ser quiromante, ou bruxo, mas já anda por aí alguém acarretando esse mínimo de garantias, sem mentir e sem se rir nem ficar sério, e não sou eu que o digo, são os jornais que já perceberam o fenómeno e contra quem já iniciaram o contra ataque apodando essa figura de fascista.

Ora o jornalismo barato e sem conselheiros técnicos desconhece que a psicologia existe, e funciona, e que quanto mais fascista lhe chamarem mais publicidade e votos lhe darão. Para muito português, em virtude da falta de virtude desta democracia, fascismo vai-se tornando sinónimo de estabilidade, de crescimento, de emprego, de segurança. A censura ? Ora que se lixe, agora há liberdade e deu no que deu, agora qualquer idiota fala na Tv e escreve em jornais (Umberto Eco dixit) o panorama é até pior agora que o era há quarenta anos, em que a juventude dessa época conseguia ler nas entrelinhas, em contraponto a actual nem consegue ler um título com letras do tamanho de um burricalho. Mas em frente que atrás vem gente. Alguém que tem vindo a ser apodado de desbocado vem emergindo com um discurso espontâneo, genuíno, vero, liberto do politicamente correcto, um discurso mais afastado que imaginar se possa dos discursos NIN… Alguém com profundos conhecimentos e prática de direito, e que saberá agir quase como um ditador, com a graciosidade e o à vontade de conhecedor da lei e do género humano, ou como o fascista que os jornais lhe chamam, saberá mover-se nos limites da legalidade de modo bem melhor que o actual e trapalhão governo que já por várias vezes os pisou e até ultrapassou.

Estejamos de ora em diante atentos ao epifenómeno Marinho Pinto e façamos as nossas contas. Outra figura antítese do NIN é Henrique Neto, nem quero imaginar a volta que este país daria se esses dois chegassem ao poder, aí sim, seria a revolução que tem sido adiada há quarenta anos.

Este povo precisa, necessita, aplaudirá quem vier amá-lo. Este povo precisa sentir segurança, mas também sabe que precisa ser morigerado pois tudo nele são excessos.  Este povo sabe que em tempos a Pide, as policias e a GNR actuavam como taxas moderadoras, e sabe que terão que actuar agora como elementos dissuasores dos abusos populares e democráticos em que viemos a cair e se transformaram na nossa ruina, o povo sabe na sua secular sabedoria quanto precisa ser guardado de si mesmo, sabe que o medo guarda a vinha.

Confio que os portugueses saberão recuperar o sossego perdido em 74 e deixar o país e as pessoas crescer e viverem. Somos poucos, infelizmente sempre encalhando uns nos outos, sempre minando o outro com um escolho, atravancando, estorvando, falando até de quem nem conhecemos, emitindo juízos de opinião para os quais ninguém nos licenciou, mentindo, aldrabando, burlando, roubando, todos os dias os mídia nos dão conta de um novo caso, ou dois, ou mais, rouba-se mais do que se trabalha. Com Salazar ou Estaline não se arrastariam problemas por resolver durante 40 anos, como os do aborto, da educação sexual nas escolas, Camarate, e os novos que aí temos mais recentes, BPN, BESCL, etc etc etc… De um dia para o outro acabar-se-ia o consumo excessivo do álcool entre os jovens, ou e os excessos de velocidade, com o abuso das providências cautelares, as burlas, as falências fraudulentas, o enriquecimento ilícito, a venda de empresas estratégicas, (Bava e Granadeiro e muitos mais estariam há muito tempo em Caxias, no Aljube, em Peniche ou no Tarrafal), a ética e o mérito seriam de novo erigidos os valores supremos.

Creiam que desacreditei desta democracia, os partidos deixaram há muito de representar o povo para tratarem dos seus interesses ou dos interesses dos seus acólitos, do PS já falei, construído à imagem e semelhança de um homem é o rosto do falhanço da nossa democracia, atolou-se em intrigas palacianas que conduziram o país ao caos em que se encontra e não irei adiantar-me mais. O PSD ficou órfão com a morte de Sá Carneiro e julgou ter encontrado um padrasto num homem que fazia no momento a rodagem a um carrito barato, enganou-se, afinal tratava-se de um economista que percebe de tudo menos de economia e arrasou a nossa a troco de um prato de lentilhas vindas da CEE, desmantelou as pescas, a indústria e esqueceu a agricultura a troco da promessa de call centers… O milagre do terciário que levaria Portugal à modernidade… Esse Portugal está hoje praticamente reduzido a um grupelho influente de gente que nem em sonhos sabe o que seja a cultura, sonho que partilha com as gentes do CDS, acerca de quem direi somente representar a direita mais caceteira e retrógrada, desejosa de se vingar dos malefícios que injustamente (temos que reconhecer) o PREC lhe fez cair em cima, uma direita que em quarenta anos não se modernizou nem actualizou, que trucida diariamente os dez mandamentos e vive alimentando-se de um revanchismo serôdio que será irrevogavelmente a morte dela. Hoje muitos desconhecem, ou desconhecemos quase todos, homens íntegros nessas áreas como Adriano Moreira, Bagão Félix e Freitas do Amaral, todavia toda a gente no mundo conhece o que devia ser secreto, os nossos espiões, que se dão até ao luxo de chantagear nos jornais e televisões o governo inteiro.

Hoje, como os romanos há 2 mil anos, acredito que para grandes males do nosso povo só grandes remédios. Venha um Salazar ou um Estaline, o diabo que escolha…


   4ª Parte

1-     Mas Salazar nunca falhou ? Claro que falhou e muito, ainda que não tanto nem com tanto prejuízo para nós quanto os actuais democratas nos descarregaram em cima, que irá fazer-nos descer aos infernos tantos anos quantos Salazar levou a tirar-nos de lá após os desmandos do centrão da 1ª República. Que essa sim, acorrera a tempo de imolar uns cordeiros nas trincheiras da Flandres só para garantir um lugar à mesa das negociações do armistício, tentando não perder as colónias que ingleses, franceses, holandeses e alemães tanto cobiçavam. 
O que no fim foi conseguido, custou-nos mais ou menos a módica quantia de 2.200 baixas, entre mortos e desaparecidos em combate, a que há que acrescentar quase 6.000 feridos, tendo regressado perto de 50.000 stressados de guerra, ou gaseados como ficaram conhecidos. (fontes menos idóneas citam o dobro ou triplo de mortos e feridos). A verdade estará no meio como habitualmente. 
Recordemos que integrados no CEP (Corpo Expedicionário Português) foram enviados para França 100.000 soldados. Todo este padecimento concentrou-se essencialmente em 9 meses dos anos de 1917 e 18, só a batalha de La Lys parece ter consumido perto de metade do total destas baixas em cerca de 4 horas de combate. Um preço alto, exagerado sem duvida, mas por cá, entre os corajosos, festeja-se anualmente a triste efeméride (entre os parvos ainda mais se festeja, santa ignorância), celebra-se a honra do dever pátrio de morrer, quando é sabido que os nossos soldados para lá foram conscientemente enviados sem treino, e sem equipamento nem armamento à altura mínima da dimensão do conflito. 

     Em Portugal o designado CEP só não nos envergonhou porque todos calaram a verdade, a imprensa em especial. Salazar não apanhou com a I GG, mas apanhou com a segunda, à qual soube eximir-se magistralmente, poupando-nos aos horrores desse horrível cataclismo, pessoalmente lamento que isto não tenha sido arrasado, ele inclusive, e o país renascido das cinzas como a Fénix, mas adiante. 
Salazar eximiu-se ao conflito sabiamente, negociou com ambas as partes mantendo incólume a independência, inclusive a territorial (que no conflito 14-18 tantas vidas nos custara para ser mantida). No contexto de Guerra Fria que se seguiu, mantendo Portugal uma velha aliança com a Inglaterra e a base das Lajes alugada aos EUA, ambos países vencedores, alimentando Salazar uma aversão figadal às teses comunistas da URSS, quem esperavam que ele abraçasse ? É tudo realpolitik men ! 
Naturalmente abraçou os da mesma cor e vizinhos, com quem Portugal mais tinha a ganhar ($$$$) em manter boas relações. Foi uma escolha óbvia, tal qual a adesão à NATO, teria o país nesse contexto outra opção ? Mas… ao não aceitar participar no Plano Marshall (o pacote incluía a democratização do país e das instituições), oferecido em condições idênticas às dos países atingidos pela devastação da guerra, Salazar voltou a errar em grande. 
O apego ao poder foi mais forte que ele. Salazar, tal qual qualquer partido de hoje faria, não duvidem, tudo fez para se manter à frente deste barco e, olhando em volta e julgando pelas atitudes e resultados que observo, comparando com o passado, ainda bem que ele ficou. Acho que Portugal, ao invés de o invectivar, como faz de há quarenta anos para cá, devia fazer-lhe justiça e estudá-lo bem a fundo. Salazar foi erigido o bode expiatório do fracasso que foi e é o 25 de Abril, Abril que ainda não fez melhor que ele e corre o risco de, tal como aconteceu na 1ª República, deixar tudo ir mesmo ao fundo. 

    Salazar merece ser estudado e ensinado às criancinhas, quiçá de modo mais urgente aos adultos, sempre de boca cheia desfazendo nele quando nem de longe lhe conhecem a obra, nem tão pouco a biografia, o professor e historiador Filipe Ribeiro de Menezes elaborou recentemente uma óptima biografia de Salazar que editou e distribuiu somente em inglês e no mundo anglo saxónico, provavelmente por ter achado que a sua divulgação aqui seria deitar pérolas ao chão… 
Rodeado por estas circunstâncias que fazer em 1961 quando rebentou a guerra nas colónias ultramarinas ?  Salazar quis ou pretendeu manter intacto o património que lhe tinha sido confiado e que tantas vidas custara ao país. Outro erro, não contesto ter acertado ou não ao recusar-se a conceder-lhes a descolonização, errou ao não ter posto em prática o velho plano de Norton de Matos, errou em não ter explorado a fundo as suas riquezas, Portugal não explorou nem dominou as colónias, por pouco não se tinha limitado a estar lá, como por cá os ministros desde o 25 de Abril, que se têm limitado a sentar-se nas cadeiras do poder e estar, sem nada fazer, por fazer está tudo ainda volvidos quarenta anos… Talvez por isso de diga "estar-se ministro", e não "ser ministro"...

2-     E que dizer dos majores Valentins que ganharam rios de dinheiro com a guerra e a prolongaram durante 13 longos anos ? Toda a gente fazia comissões atrás de comissões, ganhando imenso dinheiro com isso, e quando deixaram de ganhar, quando os oficiais milicianos ameaçaram o tacho aos oficiais do quadro permanente como reagiram estes ? Fizeram o 25 de Abril…
Fizeram quem ? Os mamões, aqueles para quem a guerra sempre fora um negócio, uma cambada de ignorantes à frente dos quais sobressaiu Otelo, quando hoje vejo ou leio entrevistas do homem só me posso interrogar como foi que o exército deixou á solta um louco daqueles, como acreditou um exército, uma nação, em tamanho idiota ?  Tamanho cretino ? Tamanho ignorante ?
Portanto não se admirem de termos acabado como acabámos, ou estamos, o único que se aproveitava era Melo Antunes e o Senhor cedo o chamou a si. Foram aliás os militares quem conduziu este povo ao logro em que caiu e de onde ainda não saiu. Os militares fizeram desde o 1º minuto a apologia e campanha pelo socialismo, quando eles mesmos nem mudar a fralda sabiam. Porquê o socialismo e não outro ismo qualquer ? Que forças e interesses ocultos animavam esses democráticos e ingénuos militares ? 
O povinho como sempre batia palmas a tudo viesse quem viesse e aparecesse quem aparecesse, e até as bateu ao Almirante Pinheiro de Azevedo quando este, discursando de uma janela alta na Praça do Comércio o mandou à merda. Eu estava lá.

3-       Estava para aqui a escrever e a lembrar os muitos acidentes dos nossos rapazes em África, por exemplo o do filho do saudoso senhor Silvano Manuel Cágado, das bicicletas (que por isso vestia sempre luto), foi um dos primeiros a tombar, ao avançar para tomar o avião que havia de trazê-lo de volta, descuidou-se e a pá da hélice cortou-lhe a cabeça em duas. Era eu criança e muito me sensibilizou tê-lo sabido. 
Em treze anos de guerra colonial, segundo o Estado-Maior General das Forças Armadas, faleceram na Guerra de África 8.831 militares portugueses. Curioso é que, de acordo com a mesma fonte, 48,5 por cento, 4.280 militares, morreram em resultado directo de acções de combate e 51,5 por cento, mais de metade, em acidentes e doenças, 4.551militares. 
Cerca de 9.000 mortos, cerca de 30.000 feridos dos quais resultaram infelizmente também deficientes físicos. (5.120 com grau de deficiência superior a 60 por cento. Extraído do livro Cronologia da Guerra Colonial, José Brandão, 2008).
Ora por muito tristes que estes números, observados ao longo de 13 longos anos de guerra possam ser, se comparados com o elevadíssimo número de baixas registadas durante os escassos meses de 1917 e 1918 em que o CEP lutou na I GG, ou com a média actual de mortes nas estradas, levam-me a pensar que devia ter sido exigida aos chefes militares nas colónias uma vitória inequívoca, e nunca permitido o prolongamento “comercial” da guerra, ou em alternativa ter-se exigido aos políticos, Salazar incluído, uma solução politica, negociada, e não a debandada em que resultou a descolonização, a qual nos querem fazer crer ter sido exemplar. 
Não foi, foi um desastre, e só não foi um desastre maior porque dos USA, o Satã americano, nos atiraram com milhões de dólares para apoio aos retornados das colónias, o célebre IARN, Instituto de Apoio aos Retornados Nacionais, o que permitiu a muitos refazerem a vida e abrirem negócios e empresas, os restantes, e muitíssimos, foram rateados pela função pública, vem daí o início do excesso de pessoal no nosso funcionalismo… 
Quanto à descolonização, a única coisa que os movimentos ditos de libertação respeitaram quanto às linhas do acordo de Bicesse, foi a data da independência… Tanto jovem morto durante 13 anos para quê ? Se nem uma gota de petróleo de lá veio, foi cara a factura que pagámos, porém não tão cara quanto outros cobraram à esquerda e à direita, Hitler, Pinochet, Vileda, Estaline, Bush, Mao, Pol Pot, Somoza, Franco, etc etc etc …

4-  Salazar tem que ser, como disse Garcia Lorca, estudado “dentro das suas circunstâncias”, e essas foram o mundo… A última vez que nos sentimos grandes foi com ele, cujo nome foi abusivamente apagado da única grande obra efectuada sem ultrapassar os termos do contrato, quer em prazo quer em orçamento (coisa que viria a tornar-se inédita em democracia) a construção da ponte sobre o Tejo em Lisboa. 
Mas este desígnio concretizou-se também em prédios de habitação (e não só) por todo o país, em Évora conhecemos bem “os prédios da caixa” após a Nau, ou os grandes prédios da Extinta Fundação Salazar, posteriormente rebaptizada de Catarina Eufémia, na Horta das Figueiras, obras do regime Salazarista para obstar às barracas e dar a todos os portugueses uma habitação digna.
Por todo o país acontecia, e só o consumo de quase 50% do orçamento de estado pela guerra, um exagero, travava a evolução na metrópole, o que mais vinca quanto errada essa guerra foi. But… La Nave Va… 
O eclodir do 25 de Abril colocou fim a todo este lento mas linear crescimento e traçou o risco de partida para o abismo em que nos encontramos. 
Gostes tu amigo ou não gostes de ler o que te digo. Há quarenta anos que o que mais nos dão são paroli paroli paroli….

5-       Depois do 25 de Abril as taxas de crescimento do PIB começaram a decair até hoje, 2015. O investimento não, (o 25 de Abril  primeiro e a CEE depois, fomentaram o investimento até perto do ano 2000) porque Salazar errara de novo, nas suas jogadas habituais com um pau de dois bicos readoptara entre 1931 e 1938 o padrão ouro para a nossa moeda, todavia diversos factores e a instabilidade vivida a nível mundial levaram-no a ancorar o escudo à moeda inglesa, libra esterlina e depois da II GG ao dólar americano, o que na prática significava possuir uma moeda forte (e nos obrigava a proceder como tal), o que somado à fobia de Salazar pela inflação o levou a uma governança contida e a entesourar moeda, deixando os cofres cheiíssimos (erro, porque abandonado o padrão-ouro Portugal estava desobrigado da convertibilidade da moeda, em ouro). Ao invés do país desenvolvidíssimo, industrializadíssimo, moderníssimo. 
Digam o que disserem o berço onde se nasce conta muito se a cabeça por milagre não ajudar. Uma moeda forte facilitava-nos as importações mas coarctava as exportações, mantendo o país numa modorra calma, lenta, pesada, perniciosa, apática. Todavia apesar do erro da moeda forte Salazar não embarcou no logro das importações, veja-se o exemplo do trigo, que tinha no Alentejo o seu celeiro mas era de longe mais caro que se importado, da URSS (Ucrânia), da França, da Alemanha ou dos USA, o mais barato de todos. Salazar subsidiava e impelia à compita os agricultores alentejanos, embora sabendo que apesar de tudo o nosso trigo (as terras alentejanas nem são aconselhadas para a cultura do trigo) era mais caro por tonelada. Por que o fazia ?

Porque era um nacionalista e independentista ferrenho e coerente. Porque se caísse no logro de importar trigo barato estaria a promover a ociosidade nos campos vilas e aldeias, porque em cada um desses lugares deixaria de existir todo um mundo de oficinas, artesãos, equipas e mil ofícios e actividades ligadas à cultura cerealífera, porque deixariam de entrar nos cofres da incipiente Segurança Social contribuições, porque teria que subsidiar de algum modo a miséria que surgisse batendo às portas das Casas do Povo, porque teria que distribuir mal ou bem subsídios de desemprego ou equivalentes, porque ele sabia que poupar no trigo importado lhe custaria uma fortuna e sairia caríssimo. 
Alentejo celeiro de Portugal foi a maior mistificação a que assisti na minha vida e o maior golpe de génio por parte de quem, de politica e economia, sabia mais a dormir que toda esta gentinha de agora acordada. Aprendi isto e percebi isto com Silva Picão, com os relatórios da antiga Junta de Colonização Interna e olhando os nossos campos, vilas, aldeias e cidades actuais, prenhes de gente ociosa, inactiva, inútil, mastigando o pão que outros pobres diabos amassaram. 
Salazar não importou um grão, como jamais teria vendido a estrangeiros uma ação, ou a eléctrica nacional, ou os aeroportos nacionais, ou a companhia aérea nacional, a rede eléctrica, os transportes, correios, banca, seguros etc etc etc… Com ele nem se teria chegado nem perto de onde chegámos, hoje somos estrangeiros na nossa própria terra. Tudo é dos outros, até a nossa esperança e o nosso futuro.

6-       Seria necessário recuarmos imenso para nos revermos num figura de referência moral e eticamente impoluta, já que o General Ramalho Eanes se afastou voluntariamente da política (por a achar suja?). Teríamos que, recuando, ultrapassar os Relvas, os Valentins, os Narcisos, os Isaltinos, os Salgados, os Oliveira e Costa, os Cavacos, os Soares, os Marcos Antónios, os Menezes, os Dias Loureiro, os Lima, os Jardim, os S. Guterres, os Barrosos, os Sócrates, os irrevogáveis Portas, ou os Costa que agora fogem da mesma justiça que comandaram, teríamos que ultrapassar tantos que pararíamos em Sá Carneiro, que se envergonharia do proselitismo vigente, para só pararmos mesmo em Salazar, que teve umas botas que lhe duraram uma vida, levaram meias solas várias vezes e nunca envergou fatos Armani. Era este homem um perigoso ditador ? 

7-       Claro que a Pide foi outro erro e outra nódoa. E por vezes parece ter sido mais papista que o papa. Nós tínhamos a Pide, outros tinham a KGB, a Stasi, o MI6, a CIA, o FBI, a Mossad, a Securité, a DISA, a DOI-CODI, a DINA, a Okrana, and so on… Exemplo típico é o caso do assassinato do General Humberto Delgado, que de resto na gíria dela, Pide, seriam meros danos colaterais. A que eu chamo excessos duma animalidade que ainda nos não abandonou, dantes batia-se nos estudantes, agora nos adeptos de futebol, dantes controlava-se um Benfica X Sporting com 6 agentes, hoje nem com 600… 
Alguma coisa está mal. Hoje temos gente como Relvas, o “facilitador”, dantes havia a Pide e os Pides, a PSP e a GNR, cujos quartéis aliviavam a casta dos juízes e lhes evitavam o acumular de processos facilitavam, oleavam a justiça, umas lambadas, umas porradas, resolviam a pequena criminalidade e evitavam gastos em tempo e diligencias processuais desnecessárias, era a chamada justiça na hora, má justiça mas justiça, agora não há nenhuma e o povinho sente-se inseguro. Eram as taxas moderadoras da época... 
Quantos chapadões não terão reencaminhado carreiras ínvias que de outro modo se perderiam na delinquência… PSP e GNR resolviam milhares de questões, tinham uma presença pedagógica, hoje são comissionistas que multam para garantir os direitos adquiridos e a narda ao fim do mês… há 50 anos as esquadras da PSP de Évora tinham uma viatura distribuída, um W Carocha de cor nívea, hoje têm uma frota que não chega nem serve para nada…

8-       Não sou saudosista, breve verão onde pretendo chegar. Aos partidos, essas instituições que há quarenta anos denigrem a democracia. Um partido socialista que nada tem de socialismo e até o engavetou há muitos anos, um partido social democrata liberal que ignora a sua matriz e até o que tais coisas sejam, um democrata cristão que abusa da palavra em vão e do pecado, um comunista que abandonou a ditadura do proletariado, a luta armada e a tomada do poder pela força, que se tornou burguês e por isso reviu os estatutos, daí que o apodem de revisionista, (há anos que o afirmo, que voltar aos velhos estatutos serei o primeiro a filiar-me), partido que desdenhou de Rimbaud e que permite à juventude rebelde como única saída o alistar-se no ISIS… 
E agora sim, chegámos onde eu pretendia chegar e ao facto de Portugal não ter o seu Syrisa ou o seu Podemos, não ter uma alternativa, acham mesmo que não tem ? Que ainda não chegou ? Não apareceu ? Não temos ? Olha que engano, por alguma razão o título deste texto tem lá a palavra premência...  …................... continua ............................ TEXTO EM CONSTRUÇÃO….............  o restante seguirá dentro de horas….........


3ª Parte

Tudo rosas ? Nem pensar ! A visão esclarecida de Salazar não era tão esclarecida assim, prejudicou-o grandemente o facto de toda a sua vida ter girado em redor de Stª. Comba Dão (Boliqueime não é neste aspecto diferente), viajara algumas vezes ao Fundão, a Vimieiro, fora a um Carnaval em Ovar, duas vezes ao Porto, de resto cingia-se demasiado a Coimbra. Mesmo após se ter tornado chefão disto tudo, saiu uma vez a Badajoz, para se encontrar com o amigo Francisco Franco.

Convenhamos que é pouco, mas também há quem tenha estado em África, estudado em Londres e não seja esclarecido por aí além. Vidas. Opiniões. Nem às colónias ultramarinas Salazar se deslocou uma vez sequer ! Nem mesmo após o auge da polémica despoletada por Norton de matos que fora Governador-geral de Angola, e que se atrevera a prescrever que a metrópole passasse para aquela província e este cantinho à beira mar se tornasse uma mera província do império.

Essa falta de mundividência a longo prazo foi-lhe fatal, no longo, aliás foi-nos, porque ele foi-se em 68. Terá Salazar sido o líder esclarecido que a nação necessitava ? Salazar governou quarenta anos protegido pelo mantra de um conjunto excepcional de circunstancias que indubitavelmente o favoreceram, mas como sabemos a sorte protege quem faz por isso, (não quis dizer protege os audazes), vejamos quais, uma por uma, mas não esqueçamos que o sucesso sempre dependeu de muito trabalho anterior e de quem esteja preparado para o fazer acontecer, receber, e colocá-lo ao seu serviço, tal qual o lutador de luta livre aproveita a energia do opositor para com ela o fazer cair um malhão com estrondo.

Para contrabalançar irei agora arriar um pouco de porrada em Salazar, antes que vocês me pendurem de algum poste julgando-me fascista empedernido, não sou, nem saudoso sequer, nem cego, muito menos esquecido, e nem me atiram areia para os olhos às boas, já sou cu velho e bastante sabido. Vejamos então uma por uma essas questões de sorte, e já agora de azar que positiva ou negativamente condicionaram Salazar.

1-     Salazar surge com autoridade intocada de um catedrático acerca de quem jamais saberemos se teria sido ou não um bom professor, todavia entre os inchados ceguetas dos poderosos militares, ou entre os políticos que a situação por eles mesmos criada atolara na lama, o impoluto era ele. Foi-lhe fácil impor-se perante o caos em que definhara a q1ª república e a inexistência de alternativas minimamente credíveis.

2-     Um vendaval tinha arrasado a Rússia havia somente vinte anos, em 1917, o que por todo o mundo suscitara uma liga informal de defesa com alicerces nas casas reais europeias que, desse modo procuravam suster o que parecia ser o destino comum e vermelho do planeta, sabemos quanta ajuda foi canalizada para os “russos brancos”, sem nenhum efeito no resultado final, hoje sabemos que os vermelhos não tomaram o mundo, mas na época temia-se que o fizessem, a diferença é substancial. Salazar, cristão, católico, proprietário (os pais tinham jurado deixar-lhe a horta por herança, e todos sabemos como são os bimbos que por uma leira de terra ou um regato se matam à sacholada), ora com razões de sobra Salazar alinhou na frente comum anticomunista mundial antes que a voracidade vermelha viesse a abocanhar as colónias ultramarinas que os vencedores da I GG não nos tinham conseguido sacar …

3-     O povo, o povão, o povinho nem estava pior com ele que antes dele, bem pelo contrário. Salazar no computo geral trouxe ao de cima o orgulho pátrio, providenciou estabilidade, à moeda, à sociedade rural da época, alinhavou umas reformazitas que se viram, nada que se parecesse com a trapalhada inútil de agora, estabilizou e dignificou o mundo do trabalho q.b. e “estabilizou” os sindicatos, o emprego, nada de contractos a prazo, precários ou recibos verdes, a legislação do trabalho era cumprida sem que houvesse sequer patrão que se atrevesse a pisá-la. O magano do Salas lançou igualmente por esses dias as bases da indústria moderna e pesada que tínhamos (recordemos a lei do condicionamento industrial, que não expandia antes continha, condicionava as industrias e industriais), estabilizou a educação e o ensino, surgiram os fundamentos para as primeiras creches, cumprindo-se, em parte, o artigo 21º da lei de Abril de 1891 e da legislação de 1927 (sobre a maternidade). Surgiram igualmente escolas um pouco por todo o lado, primárias, comerciais e industriais, liceus, debaixo da pata deste ditador o país crescia a olhos vistos e como nunca se vira na vida.

4-     Durante quarenta anos de ditadura Salazar promoveu, criou ou acelerou ou recuperou companhias, empresas, CTT correios e telecomunicações, TAP, transportes aéreos, EDP electricidade, barragens e rede eléctrica, CP caminhos de ferro, JAE estradas pontes e viadutos, hospitais, silos, agricultura, marinha mercante e pescas, minas, enfim, lembremo-nos de tudo quanto já não temos, com ele tivemos e tínhamos. Para melhor se mover, sem atrapalhações ou discussões estéreis e inúteis, improdutivas, criou a sua própria constituição, corporativa, tudo pela nação nada contra a nação, instrumento utilíssimo para tornear opiniões e oposições contrárias e que, vejamos os nossos dias, nem fazem nem deixam fazer. Imaginará algum de vocês que debaixo da inutilidade de um parlamento Estaline teria conseguido, e em tempo record, a grandeza da União Soviética ? Ou teria Mao munido de quaisquer instrumentos democráticos conseguido fazer alguma coisa do bilião de chineses e da China que governava e é hoje uma potência mundial ?  A ocasião e a natureza do problema têm que conjugar-se, Salazar o ditador fascista nunca se deixou dominar pelos mercados, dominou-os, foi mais coerente que muito democrata actual, atentem que enquanto Salazar impediu a entrada em Portugal da imperialista Coca Cola, os nossos democratas e radicais de esquerda compram no super dúzias de garrafas de litro e meio para se empanturrarem, onde está a coerência ? É verdade que se rodeou de uma Legião Portuguesa, de uma Mocidade Portuguesa, do SNI, de António Ferro, da Radiodifusão Portuguesa, da Emissora Nacional, da Radiotelevisão Portuguesa, da censura, da Pide, mas sobretudo de dez milhões de amigos que, mau grado uma ou outra dissonância um ou outro protesto, uma ou outra dissensão, lhe permitiram atravessar com alguma bonomia quarenta anos de carreira e, surpresa das surpresas, deixar muitíssima obra feita e, cereja no topo do bolo, morrer de velho. Um povo assim solidário merece ser lembrado e homenageado. Podemos dizer que salvo uma qualquer e rara excepção Salazar uniu, fomentou a coesão nacional que ousou reunir até contra si mesmo.

5-     Este mesmo povo que manteve Salazar quarenta anos no poder sem o incomodar, nem se incomodar, é o mesmo que hoje, passados outros quarenta anos, se calou e cala. Alguém além de Medina Carreira levantou a voz denunciando os graves erros de governação que cometemos ?  Medina Carreira foi apodado de profeta da desgraça… Algum dos actuais célebres economistas falou ? E este povo acordou agora admirado por enquanto dormia se terem guindado ao poder todo o tipo de crápulas e salafrários, arrivistas e oportunistas sem carácter nem idoneidade, que não possuem nem um décimo da transparência, mérito e honestidade de Salazar, que morreu pobre. Nunca é demais lembrá-lo, esse ditador fascista nunca deixou duvidas quanto á sua dedicação à causa pátria. Com este povo, ele sim devia ser mudado, quem conseguirá algum dia, a menos que o ultrapasse, chegar a algum lado ? Os partidos, as pessoas, digladiam-se como inimigos enquanto a pátria definha, é caso para perguntar que faziam ou que fizeram durante quarenta anos duzentos e trinta deputados a tempo inteiro na AR ? Dormiam ? E quem defendeu os interesses da nação ? O adido militar da China ?


6-     Ética e mérito são peculiaridades hoje raríssimas nos nossos políticos, que nem cuidam sequer de fazer parecer que as cultivam. Cada um de nós na sua cidade vila ou aldeia tem que ser critico, que veja, olhe, observe, quem são os políticos preponderantes e onde se “resguardam” destes tempos difíceis que a eles devemos, eles e os familiares, filhos e afilhados mais próximos, e depois pasme com as solidariedades e solidárias instituições ou empresas que os “abrigam”, sem o pudor exigido por um concurso, pelo mérito, pela ética, que apregoam à boca cheia mas espezinham em privado. Na generalidade serão tão merecedores da nossa benevolência quanto o filho de Durão Barroso e o modo como acedeu a lugar de quadro superior no Banco de Portugal. Tivessem os nossos políticos o cuidado de pensar em nós todos, (o que Salazar, que eu saiba, nunca deixou de fazer), ainda que mal e porcamente decerto estaríamos melhor ou menos mal, o problema é que se lembram única e exclusivamente de si próprios e dos seus… Por isso, quem não se sentir confortável na sua zona, que migre, Salazar ao menos sempre teve o pudor de isso não nos ter ordenado fazer. Com tanta arenga já parecerei um saudoso Salazarista, coisa que não sou, embora no presente  no caos em que nos colocaram fosse capaz de votar nele, num partido corporativista ou qualquer outro que defendesse a ditadura do proletariado e a tomada do poder pela força das armas. Este país, cada vez estou mais convencido, jamais irá a lado algum sem a mão pesada de um Salazar ou de um Estaline, cada um de nós ou de vocês que escolha segundo o que mais vos agradar pois foram ambas figuras poderosas da história ainda que a dimensão de Estaline se sobreponha de longe à figurinha de Salazar.


2ª Parte

Salazar anuiu, aceitou tudo quanto desesperadamente lhe pediam, deve dizer-se ás criancinhas, e não só, que Salazar não provocou nenhum golpe de estado ou sublevação no exército, antes nos concedeu a satisfação de um rogado pedido que lhe fizemos, Salazar não invadiu o país à frente de tanques, ou de um exército de rebeldes subversivos, nem tão pouco de nacionalistas fervorosos (como Spínola tentou em e 28 de Setembro de 74 e 11 de Março de 75). Salazar simplesmente fez o favor de nos iluminar com a sua sapiência, que sobre nós derramou, aliás com uma humildade que Gaspar nunca teve e uma modéstia de envergonhar Maria Luís.

Fê-lo porem resguardando a independência e dignidade pátrias, sem recurso á Sociedade Das Nações e sem hipotecar o país. Ajustou-se e ajustou-o como pôde e soube, os portugueses fariam o mesmo, nada que não seja coisa conhecida, passamos por um ajustamento idêntico, contudo o de agora bem recheado de demagogia, trapalhice, trafulhice, e no qual se empenharam os anéis e os dedos, o que fará Salazar, professor de finanças, dar duas voltas na campa.

A mesma percepção que tocara Júlio César inspirou e bafejou Salazar, o professor cedo se apercebeu das intrigas palacianas que animavam, e animam, este rectângulo. Da barraca mais humilde ao palácio mais guarnecido, pelo que, não podendo guindar-se à figura de um todo poderoso Estaline, cuja fama chegara longe e se sabia ter tanto poder que privara Deus dos seus bens terrenos deixando à igreja ortodoxa nada mais para oferecer ao Senhor que trabalhos e sacrifícios. Enfim, uma heresia que os nossos republicanos já haviam imitado nos escassos dezasseis anos em que Deus estivera distraído. Uma heresia que Salazar tentou evitar a todo o custo e aproveitar para afirmar a clareza do seu pensamento, a força das suas ideias, e quem sabe, quiçá instaurar um período de legalidade onde, a um canto, pudesse rubricar o seu apelido.

Mas esta tropa fandanga ainda hoje é dificílima de conciliar e de conduzir a bons hábitos, quer os fardados quer os civis, coisa que ele depressa aprendeu, pelo que findo o período a que se voluntariara, bateu com a porta e alas, pernas para que te quero, regressou célere ao sossego da sua cátedra de Coimbra.

Saltemos os pormenores e as cusquices que envolveram figuras e época e centremo-nos no essencial, um novo pedido, de joelhos, ao digníssimo lente, novas recusas deste que, movido pela vaidade ou pelo sabor do poder aceitou, à 7ª vez, e sob condição, regressar à tão espinhosa missão de nos governar, e ressalvo, sob condição, Salazar aceitou voltar desde que lhe fossem dadas para governar, possibilidades que o isentassem de aturar a cáfila que permanentemente se alimentava da baba escorrendo pelos corredores do poder, e lhe permitissem furtar-se a satisfazer os desejos de todos os gatos pingados a quem mérito algum bafejava com a sorte de irem a ministros e se julgarem no direito a exigir verbas que as Finanças do país estavam longe de possuir mas que esses camelos, perdão, cavalheiros, desbaratavam numa luta sem quartel. Tal qual nós por cá nas últimas décadas…

O lugar de Presidente do Conselho de Ministros (hoje PM) não lhe foi portanto dado, Salazar lutou por ele, impôs as suas condições, ideias e convicções, e até impressões, jogou uma cartada e ganhou, uma vez mais sem disparar um tiro. O resto da história já quase todos a conhecemos mais ou menos, e aos que não conhecem deixo este apontamento. Do ponto de vista da economia e meramente estatístico refiro um gráfico de quarenta anos de crescimento permanente, um crescimento médio equivalente a 4% do PIB anual, ininterruptamente ! Desde que Salazar tomara posse até 1974 !

Nesses quarenta anos Salazar lançou programas, teceu alianças e acordos com a EFTA e com a OCDE, com a CEE estavam prestes a ser assinados à data em que o seu sucessor, professor Marcelo Caetano caiu ante a força das armas dos militares irmanados e filhos do povo, conduzidos por uma vanguarda esclarecida, aliás várias vanguardas cada uma mais esclarecida que a outra, mas dizia eu, foram anos de crescimento, dos primeiros passos na Segurança Social, na construção da rede de Casas do Povo, de escolas aos milhares, os mesmos milhares que agora estão a ser encerradas e passadas a pataco.

E o povo pá ?

O povo embora latindo lá ia fazendo filhos para alimentar essas escolas, agora nem se pode sonhar com isso, bem, sonhar e masturbar-se a malta ainda pode…

E que melhor sinal de esperança no futuro que o chilreio e as gargalhadas e sorrisos inocentes dos petizes ? (nas últimas duas linhas inspirei-me claramente no estilo paternalista e de escrever de Salazar), o homem devia ser levado para o Panteão. Ele e eu, um dia, mais tarde…

Mas eram tudo rosas nessa época perguntarão os mais novos. Responderei que os partidos democratas do centrão de então tinham deixado debelar de tal modo a nação que era de todo impossível, em pouco tempo erguê-la de novo a contento e desejo de todos.

Todavia Salazar tomara o gosto ao poder, dedicava-se de alma e coração a uma nação que tão enxovalhada fora e tudo fazia para colocar bem alto a nossa grandeza. Metrópole e império colonial sobrepunham-se à Europa se fossem estendidos num mapa, por mim acho ter sido quando confrontado com esta grandeza e esta responsabilidade que Salazar se imbuiu de um espírito salvífico e, ter-se-á esquecido que apesar de possuidor de tão grandiosa alma era contudo mortal, tendo-o chamado a si o Senhor em 1968, quarenta anos após exclusiva dedicação à causa pátria. Não teve sócios, nem negócios paralelos, nunca fez greve nem exigiu diuturnidades ou direitos adquiridos, muito menos fez parte de escritórios de advocacia, nunca solicitou, pediu ou aceitou subvenções, vitalícias ou quaisquer outras, nem ajudas de custo ou mordomias, e defendeu enquanto pôde este bom povo que tão bem conhecia.
.
1ª Parte 

              Há quase dois mil anos os romanos sabiam-no, foi por o saberem que por aqui se aguentaram tanto tempo e com tanto êxito, Pax Julia, Pax Augusta, Colônia Pacense, Beja, Ebora Cerealis, Liberalitas Júlia, Évora, Métalo Vispascense, Mina de Aljustrel, Alcoutim, Alenquer, Coimbra, foram dezenas, se quiserem a pedido far-vos-ei uma lista, pois vos não desejo cansar com a minha erudição e conhecimento, cousa que certamente muitos invejariam… Mas dizia eu, os romanos iniciaram aqui a prospecção, e exploração com um sucesso que nem hoje estamos sequer próximos de igualar, de pedreiras e rochas ornamentais, minas e minérios, agricultura, pecuária e pastorícia, peixe e sal, etc etc etc

Tanto que o sabiam que um raro e localizado foco de organização e resistência foi pronta e exemplarmente solucionado, com recurso à traição, uma característica muito nossa, tal como a disponibilidade para o fingimento, o servilismo, a cobardia, peculiaridades que facultamos primeiro que tudo a nós mesmos e depois em favor daqueles a quem desejamos servir ou simplesmente agradar.

Foi portanto sabendo haver na Península Ibérica, mais concretamente nos Montes Hermínios, Lusitânia, gente que não sabia governar-se nem deixava que a governassem que o peso das legiões romanas se fez sentir, domou e domesticou este povo, povo aliás voluntarioso e a quem sobremaneira falta essencialmente cabeça, cabeças, líderes, dirigentes, elites, e que infelizmente nem disso tem ou toma consciência.
  
Tal povo sempre exigiu lideranças fortes, com elas se fez a conquista, a reconquista, a expansão marítima das descobertas, que sem essas lideranças capitulou ingloriamente.

 Com ela, liderança forte, construiu Sebastião José de Carvalho e Melo o curriculum do Marques de Pombal, e sem ele a modorra voltou. Fontes Pereira de Melo deu corpo a outra liderança forte e conseguiu, apesar de tudo fazer alguma coisinha, lançou no país o caminho-de-ferro. O Marechal Saldanha, mais conhecido por Duque de Saldanha foi outro incontornável, e dezenas de vezes ministro (24), e várias vezes presidente do conselho de ministros na monarquia constitucional (4), em cima de quem a república se erigiria a 5 de Outubro de 1910.
  
Ora sucede que a república assentou praça em cima das debilidades e vícios da monarquia parlamentar constitucional, de quem herdou as dividas e as personalidades que haviam de compor os dois partidos do então centrão ou arco governativo, digo uma cambada de tontos e trapalhões que em nada ficariam a dever aos actuais, que de igual forma nos desgovernam e arruínam. Claro que passados uns escassos dezasseis anos, (1910 -1926) a governança deu buraco, estava arrumada por indecente e má figura a primeira república.

Neste ponto da narrativa devo fazer uma paragem esclarecedora, a fim de elucidar a caterva de democratas que hoje vota como se estivesse em causa o seu clube, já que a ignorância que os anima, ou preenche, não é exclusiva de cada um mas da massa ululante, que para mal dos nossos pecados vota e nos força a todos ao sofrimento das suas esclarecidas e liberais escolhas. Não sendo a estupidez apanágio de cada um, antes de todos, espero ter deixado feliz o leitor, e de consciência tranquila claro, a merda, como sempre, será culpa dos outros, e jamais de cada um. Feita a ressalva, eu espero manter incólume a nossa amizade, permito-me avançar para o facto pouco divulgado, diria até muito abafado, escondido, que após o país arruinado pelos dois partidos do centrão, estava-se em 1926, foi convidado a dirigir a pasta ministerial das Finanças o Dr. António de Oliveira Salazar, lente em Coimbra e uma espécie de Sampaio da Nóvoa da altura.
  
Pois o dito Salazar, a quem nada me liga e a quem não devo favores, apenas me rege o democrático dever e desejo de que não seja injustiçado, me traz hoje aqui. O dito senhor dizia eu, foi diplomatica e cortesmente convidado, pelos militares, em 1926, que entretanto tinham tomado conta desta trampa, antes que fossemos completamente pelo cano abaixo. Solicitaram veementemente dizia, que o lente conimbricense se dignasse auxiliar a Pátria num momento de tão grande aperto e necessidade, julgo porém, numa atitude tão indigna quanto a que há bem pouco tempo assumimos para solicitar, ou mendigar empenhadamente o auxilio da ominosa Troika, e de um ajustamento

 Primeira foto:  Algés 1970 - foto furtada a José Espada, restantes fotos, panorâmicas diversas de Algés, igualmente nos anos 70, e destinadas ao confronto coma primeira. Quer uma quer outra são espelhos de uma realidade que era transversal a todo o país, havia por todo o lado focos de miséria convivendo lado a lado com áreas urbanas modernas e desenvolvidas. A verdade seja dita.

http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=192905
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Lista_de_pol%C3%ADcias_secretas_e_pol%C3%ADticas_na_hist%C3%B3ria&redirect=no#Brasil
http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2014/09/colonia-agricola-de-pegoes.html
http://www.publico.pt/mundo/noticia/acordos-de-bicesse-falharam-por-falta-de-vontade-politica-das-partes-diz-alto-responsavel-da-onu-25439
https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/2617/1/Trabalho_V2_20121018_V12.pdf
https://pt.wikipedia.org/wiki/Portugal_na_Primeira_Guerra_Mundial
http://aphes32.cehc.iscte-iul.pt/docs/s27_1_pap.pdf
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ex%C3%A9rcito_Branco
http://www.ligacombatentes.org.pt/portugal_e_a_grande_guerra
http://arepublicano.blogspot.pt/2014/07/bibliografia-portuguesa-da-i-grande.html
https://www.google.pt/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=mortos+na+guerra+do+ultramar+por+concelho
http://jugular.blogs.sapo.pt/2535614.html

http://estrolabio.blogs.sapo.pt/tag/mortos+em+combate