quarta-feira, 11 de junho de 2014
193 - UMA FANTASIA VELHA ..............
domingo, 11 de agosto de 2013
157 - .................. PANAVISION DREAM .....................
Por
trás das pilhas e dos milhares de fardos de aparas de cortiça, debaixo de um
alpendre mal enjorcado, o calhambeque. Nunca soube porquê mas só a buzina
funcionava, roufenha, soando bem alto mas roufenha. O calhambeque só pó. Mesmo
por dentro só pó. Uma D. Elvira sempre presente enquanto eu, brincando ao Zorro
e ao Tonto, esporeava Silver na pradaria do quintalão, onde as pilhas e os
fardos as montanhas rochosas…
Naquele
Verão escolhera um chapéu de fita verde por me parecer mais fresca a cor, no
início de cada ano a mãezinha comprava-me um chapéu de palha novo na loja do
senhor Acácio. Eram milhares de chapéus de palha em pilhas, cada uma com sua
forma cor feitio e número de chapéu, número, largura de cabeça, de criança a
adulto, pilhas de vinte trinta chapéus e eu sentindo ainda o cheiro da palha
nova, o cheiro da tinta nas fitas,
o
cheiro a naftalina da roupa da cama arredada para baixo por ser Verão, um
cheiro que se sentia intensamente por causa das portadas fechadas para evitar a
luz e o calor e, embora as portadas fechadas e a penumbra, eu não dormia,
cumpria a penitência da hora da sesta mas não dormia nunca, enquanto lá fora a
esturrina queimava as montanhas rochosas e eu em cima de Silver perscrutando o
horizonte, até que ela chegou,
pé
ante pé, um dedo nos lábios outro nos meus, um silencio quente, abafado, nem o
pregão dos negociantes de cortiça se ouvia, estariam na taberna onde hoje o
Restaurante Flor da Pradaria, perdão, da Planície, e
nem
o resfolgar das maquinas estendendo alcatrão nas ruas da vila se escutava,
somente a respiração ofegante dela metendo-se na cama, colando-se a mim na
penumbra silenciosa e tropical do quarto, eu fechando finalmente os olhos, não
para dormir mas aspirando sem o menor ruído o perfume dela, o cheiro dela e o
perfume que jamais esqueci, nunca mais, nos últimos quarenta anos de vida entrei
em todas as perfumarias do mundo e nunca mais,
o
cheiro sim, às vezes, muitas vezes, mas o perfume jamais, e sempre que na
lembrança aquele odor no mesmo instante na memória ela, os seios fartos,
redondos e cheios, túrgidos, os biquinhos duros e salientes, as auréolas
grandes com sabor às da mãezinha quando eu pequenino, e, quando queria montar o
Silver e abalar à desfilada pela pradaria e ir embora, ela
vais
já, tá quietinho, quando acabarmos vais, e se fosse a mãezinha decerto me tinha
logo dado soltura para ir brincar, ao principio tive medo e fiquei calado, mas
depois, pelos dias fora já gostei, e ficava quietinho e caladinho até ao fim,
ainda hoje se baixo as persianas e a penumbra no quarto ouço o arfar acelerado
dela, sinto os beijos as mãos e os carinhos dela, eu crescendo em mim sem saber
e depois já sabia, e
ao
terceiro dia ainda ela se não esgueirara para a minha cama e já eu esquecera o
Zorro, e o Tonto, e o Silver e as montanhas rochosas, a aventura aprendida e já
tão desejada era outra por eu já a adorar e lhe conhecer os sítios onde ela se
rendia e ofegava e tremia, e depois de tremer o abraço dela, o cheiro intenso
dela, eu já não brincando nas montanhas rochosas mas brincando nas montanhas
dela até conhecer de cor e salteado cada curva cada canto cada reentrância,
com
o tempo aprendi onde tocar, a mão dela guiando a minha, mete aqui, faz assim,
não pares, mais, faz mais, mais depressa, não pares agora, e em vez de matar
índios e bandidos empenhava-me em cumprir o que dizia o xerife porque o xerife
era ela e eu gostava fazê-la sentir-se bem comigo, primeiro, de sentir-me bem
com ela depois,
porque
depois também eu ofegando, também eu numa agitação em crescendo, também eu
guiando a mão dela, também eu que embora não dissesse pensava faz assim, e ela
fazia, não pares, e ela não parava, mais, e ela fazia mais, faz mais, e ela
fazia muito mais, mais depressa, e ela mais e cada vez mais depressa, não pares
agora, e ela sabendo sempre onde parar porque se não parasse a brincadeira acabaria,
e ao
invés de matar índios e bandidos empenhava-me em cumprir bem o ordenado pelo
xerife por gostar de fazê-la sentir-se bem comigo, primeiro, de me sentir bem
com ela depois, porque ela me ensinou a parar,
jamais
esqueci o cheiro dela, nem o meu cheiro, nem o perfume que jamais encontrei, e
cada vez que um biquinho, uma auréola,
recordo-me dela, recordo aquelas férias e aquele Verão, aquele em que deixei de brincar ao Zorro e ao Tonto embora nunca mais esquecesse as centenas de pilhas de fardos de aparas de cortiça, o calhambeque cheio de poeira escondido na sombra do telheiro enjorcado, com a buzina roufenha e, ainda hoje se no tumulto do clamor do trânsito de qualquer grande cidade uma buzina roufenha
logo
o pensamento na aldeia, naquele verão, nela, nas camionetas dos Farinhas, no
cheiro a alfarroba, na relva fresca e na terra molhada do jardim nos fins de
tarde e nas amenas e estreladas noites em que, contemplando-a mudo,
descobri
que me fizera homem e, ainda hoje, de dedo nos lábios em sinal de silencio ou
não, aprendi a guardar para mim todos os pensamentos todos os segredos, todas
as memórias…
...
sábado, 25 de junho de 2011
MANITAS DE PLATA ...............................................
Panorâmicas de Lanuza, em várias fotos pode ver-se o cenário e o palco onde decorreu e decorre anualmente o " Festival Musical Pireneos Sur " : https://www.google.pt/search?q=lanuza&espv=2&biw=1024&bih=643&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwivwKuNxtbJAhVJvhQKHRinD5oQ_AUIBigB