- A mordedura de um cão só se consegue curar com o pelo de outro cão.
segunda-feira, 15 de abril de 2019
595 - PALAVRAS, LEVA-AS O VENTO ... PAROLI ...
- A mordedura de um cão só se consegue curar com o pelo de outro cão.
sexta-feira, 5 de abril de 2019
594 - NOVAS CRÓNICAS, OUTRAS CRÓNICAS, by Maria Luísa Baião *
593 - O PORTINHO DO CANAL , by Luísa Baião *
quinta-feira, 4 de abril de 2019
592 - ESPERANÇA NAS ESTRELAS ! texto inédito, by Luísa Baião, quarta-feira, 9 de Setembro de 2004 *
Quem
sou eu que neste canto nasci, menina e moça me tornei, aqui cresci, meditei,
sofri e deambulei. Me fiz mulher me fiz mãe, me impus um querer, e medrei ?
Passei as passas dos infernos, praguejei contra os Invernos, nasci com a vida torta em casa de estreita porta, valeu-me uma alma rebelde e uma vontade indomável de endireitar esta vara cuja alma Deus alara.
Passei essa estreita porta que alguém me quisera impor, como fluído em retorta, sublimei e, sem desdém, caminho altiva sem receio que em meu redor qualquer actor minimize o papel que com amor desempenhei, qual invectiva defensiva de quaisquer censores mundanos, contra labor que abracei com o furor de um marçano jurando morrer gerente e disso fazendo lei.
Sem causar dano, só bem, também luto com primor e contra o mundo me bato, qual pretor que, com rigor, impõe a si mesma a grei, e, ao cabo dos trabalhos ainda me resta frescor, levo a vida com humor e, creiam-me, apesar do tanto que corro, não será disto que morro.
Roguei pragas, rezei preces, sarei chagas. Lambi as benesses do meu ser exangue, sou hoje o resto do que paguei em sangue, em suor, em lágrimas de dor. E perguntarão vocês a que propósito hiperbólico vem esta história cismada, pois que se saiba trabalho não significa delito ou enxovalho, ainda que, sabem-no bem não é profecia, por vezes p'ra mais não chegue que barrigadas de nada. E não sendo assombradiça ou na magia fiando, revoltando-me ser submissa, resta-me no vaivém da vida esforçar-me por me ir lembrando de quem comigo porfia.
Mania minha, dirão, fervor de crente alinhavo, pois não será qualquer paspalho que atrás desta orelhinha me jogará o cangalho. Meu amigo é quem me ajuda, quem me acode se sisuda nem me aceita carrancuda, aos outros direi – caluda ! - Só escutarei quem partilhar este meu porto de abrigo, inda que seja um mendigo.
Alguém um dia pintou estrelas no firmamento, alguém deu asas ao vento, libertou o pensamento. Alguém agora impulsionou vendavais que, como novos ideais, inspiram arraiais e mobilizam no cogito forças tais que nem cem, mil, carnavais igualam. Ideais que já foram, que de novo cavalgam o nosso agir, pois há que assegurar o porvir, assinalar o devir. São velhos novos ideais, velhos novos faróis, sóis...
Acendamos novamente esses faróis, esses modos de pensar, esses catassóis, altares, esses mares por explorar, que são vera protecção contra o calcanhar de Aquiles do egoísmo, do individualismo, esses tumores ablativos a expurgar. Ergamos alto um farol claríssimo, na claridade apostando, exigindo reflexão, no rigor teimando e da crítica e autocrítica religião fazendo.
Quem foi que manifestou uma flagrante actualidade de pensamento, quem foi que nos deu forças para novo impulso ? Quem foi que nos lembrou a hipótese de negar o patíbulo ? O tormento ? Quem defendeu essa tese ? Quem foi o mandante ? Quem foi o caminhante ? Quem disse e redisse que o caminho se fará caminhando ? O aprender, fazendo ? O querer querendo ? Quem foi que ousou ?
Quem plantou as estrelas no céu ? Quem foi que nos deu a esperança ? Quem foi que disse ser possível o pensar autónomo, o pensar por nós mesmas, não como autómato ? Quem foi que disse ?
Por isso afirmo e reitero que se todas aqui estamos gozando da mesma esperança, em vez desta contradança a que o fado nos conduz, se com agrado e com esmero eu achasse quem um bolero lhe cantasse, sem exagero vos diria valer a pena a franquia e dar por bem gasto o dia.